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A mirada do outro - Educación en valores

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A MIRADA DO OUTRO<br />

212<br />

Oliveira Salazar decidiu naturalm<strong>en</strong>te apoiar os nacionalistas espanhóis e, por<br />

isso, só podia estar satisfeito no fim da guerra civil espanhola, diante o triunfo<br />

<strong>do</strong>s franquistas. Na verdade, a guerra na Europa alterava de novo os da<strong>do</strong>s e causava<br />

preocupação ao governo português. A Espanha, cada vez mais alinhada com<br />

as potências <strong>do</strong> Eixo t<strong>en</strong>tava servir-se <strong>do</strong> poder militar alemão para avançar sobre<br />

territórios <strong>do</strong> Norte de África e submeter Portugal. A t<strong>en</strong>tação hegemónica<br />

p<strong>en</strong>insular <strong>do</strong>s franquistas colocava, mais uma vez, a questão <strong>do</strong> “perigo espanhol”,<br />

aspecto a que o Esta<strong>do</strong> Novo português deu particular importância no<br />

plano diplomático e que de certo mo<strong>do</strong> justificava a insistência da afirmação de<br />

Portugal face à Espanha nas narrativas históricas <strong>do</strong>s textos <strong>do</strong>s manuais <strong>do</strong> <strong>en</strong>sino<br />

primário.<br />

Ainda que o percurso das relações <strong>en</strong>tre Portugal e Espanha possa ter suscita<strong>do</strong><br />

a pertinência da necessidade <strong>do</strong> trabalho pedagógico em prol <strong>do</strong> reconhecim<strong>en</strong>to<br />

<strong>do</strong> esforço <strong>do</strong>s antepassa<strong>do</strong>s na construção duma pátria portuguesa, será<br />

de to<strong>do</strong> conv<strong>en</strong>i<strong>en</strong>te at<strong>en</strong>dermos à situação político-educativa onde se inscreve a<br />

produção/reprodução <strong>do</strong> discurso sobre os mom<strong>en</strong>tos decisivos que permitiram<br />

a Portugal impor-se como país indep<strong>en</strong>d<strong>en</strong>te. Importa, desde já, esclarecer que,<br />

inicialm<strong>en</strong>te, ap<strong>en</strong>as havia uma ditadura, imposta por um movim<strong>en</strong>to militar,<br />

em Maio de 1926, que muitos republicanos concordaram ser necessária para acabar<br />

com os excessos e sobressaltos políticos ocorri<strong>do</strong>s durante os 16 anos anteriores<br />

da 1ª República. O Esta<strong>do</strong> Novo foi uma realidade construída a partir <strong>do</strong><br />

início <strong>do</strong>s anos 30, um regime molda<strong>do</strong> por Salazar, profundam<strong>en</strong>te conserva<strong>do</strong>r,<br />

c<strong>en</strong>traliza<strong>do</strong>r e autoritário, que vigorou até Abril de 1974.<br />

Na verdade, tu<strong>do</strong> começou quan<strong>do</strong>, nos primeiros anos da ditadura nacional,<br />

emergiu como homem provid<strong>en</strong>cial o <strong>en</strong>tão ministro das finanças, António de<br />

Oliveira Salazar, que conseguira disciplinar a economia portuguesa e arrecadar<br />

grande quantidade de ouro nos cofres <strong>do</strong> Banco de Portugal. Em virtude <strong>do</strong> prestígio<br />

granjea<strong>do</strong> não tar<strong>do</strong>u em ser nomea<strong>do</strong>, em Julho de 1932, Presid<strong>en</strong>te <strong>do</strong><br />

Governo, passan<strong>do</strong>, a partir de <strong>en</strong>tão, a governar o país com mão dura, e a chefiar<br />

um regime que haveria de sobreviver muitos e muitos anos.<br />

No campo educativo, embora os primeiros anos da ditadura não rompessem<br />

completam<strong>en</strong>te com o esquema da instrução da 1ª República, começaram, desde<br />

logo, a des<strong>en</strong>har a t<strong>en</strong>dência que caracterizaria a política educativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

Novo: proibia-se a coeducação no <strong>en</strong>sino primário elem<strong>en</strong>tar, o mesmo grau de<br />

<strong>en</strong>sino era reduzi<strong>do</strong> para três anos de escolaridade, quan<strong>do</strong> na 1ª República era<br />

de cinco, eram cria<strong>do</strong>s os “postos de <strong>en</strong>sino” onde leccionariam os “reg<strong>en</strong>tes<br />

escolares”, ou seja, pessoas a quem não se exigia qualquer habilitação específica<br />

e os programas passavam a dar especial relevância a matérias de feição religiosa,<br />

moralista e nacionalista. No <strong>en</strong>tanto, som<strong>en</strong>te em Janeiro de 1936, nomea<strong>do</strong>

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