A mirada do outro - Educación en valores
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Cumprida a descolonização e democraticam<strong>en</strong>te instituídas as principais<br />
autoridades políticas, o Movim<strong>en</strong>to das Forças Armadas dissolvera-se, mas a<br />
tutela militar prolongou-se pelo perío<strong>do</strong> de transição, através da eleição de um<br />
militar para Presid<strong>en</strong>te da República (1976-1986) e até à revisão constitucional<br />
de 1982. Remeti<strong>do</strong>s que foram os militares aos quartéis, pela primeira vez desde<br />
o final da I República, em 1986, foi eleito um civil para Presid<strong>en</strong>te da República.<br />
O perío<strong>do</strong> compre<strong>en</strong>di<strong>do</strong> <strong>en</strong>tre 1976 e 1985, ficou marca<strong>do</strong> por uma procura<br />
de normalização, romp<strong>en</strong><strong>do</strong> com o s<strong>en</strong>ti<strong>do</strong> colectivizante e preparan<strong>do</strong> um<br />
c<strong>en</strong>ário pró-europeu, tal o s<strong>en</strong>ti<strong>do</strong> com que foram aprovadas as leis principais.<br />
3.3<br />
Democratização/ Modernização/ Europeização<br />
Em Espanha como em Portugal, o des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to histórico das últimas<br />
décadas <strong>do</strong> século XX compre<strong>en</strong>deu os processos de democratização, modernização,<br />
europeização. Todavia, estas fases comuns não correspondem a tempos,<br />
cambiantes e níveis de aprofundam<strong>en</strong>to necessariam<strong>en</strong>te comuns.<br />
Difer<strong>en</strong>ciações que não são ap<strong>en</strong>as de escala, mas também de int<strong>en</strong>sidade e de<br />
s<strong>en</strong>ti<strong>do</strong>, em conformidade com o passa<strong>do</strong> histórico e as pot<strong>en</strong>cialidades de cada<br />
região.<br />
Em linhas gerais, cruzam-se três tempos de distinta natureza: um tempo político,<br />
um tempo cultural, um tempo económico e financeiro. O tempo político<br />
des<strong>en</strong>volveu-se com algumas contradições e a ritmos varia<strong>do</strong>s, mas é no tempo<br />
cultural que as contradições mais se ac<strong>en</strong>tuam e que as difer<strong>en</strong>ciações de ritmo<br />
são mais notórias - rivalizan<strong>do</strong> nas comemorações e na consagração de um passa<strong>do</strong><br />
histórico marca<strong>do</strong> por percursos comuns, mas também por hostilidades e<br />
disputas territoriais e de indep<strong>en</strong>dência, por um la<strong>do</strong>, mas protagonizan<strong>do</strong>, por<br />
<strong>outro</strong> la<strong>do</strong>, desafios culturais com impacto universal, em torno designadam<strong>en</strong>te<br />
<strong>do</strong>s prémios Nobel. Não pod<strong>en</strong><strong>do</strong> jamais ignorar-se algumas raízes ancestrais,<br />
quer de iberismo, quer de periferização, a cultura é talvez a dim<strong>en</strong>são mais conjunturalm<strong>en</strong>te<br />
controversa na relação <strong>en</strong>tre Espanha e Portugal no perío<strong>do</strong> em<br />
análise.<br />
O tempo económico e financeiro construiu-se, por seu turno, evoluin<strong>do</strong><br />
sempre num mesmo s<strong>en</strong>ti<strong>do</strong> - progressiva dep<strong>en</strong>dência de Portugal face a<br />
Espanha: transferências e investim<strong>en</strong>tos a partir de Espanha de boa parte <strong>do</strong><br />
capital financeiro e industrial, quebras de competitividade, nos <strong>do</strong>mínios agrícola<br />
e piscatório; transferência e integração em empresas espanholas da mão-deobra<br />
e <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s, designadam<strong>en</strong>te no <strong>do</strong>mínio das pescas e da têxtil; disputa<br />
de recursos hídricos e <strong>en</strong>ergéticos.<br />
TEMPOS DE TRANSICIÓN E DEMOCRACIA<br />
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