A mirada do outro - Educación en valores
A mirada do outro - Educación en valores
A mirada do outro - Educación en valores
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A MIRADA DO OUTRO<br />
260<br />
O processo revolucionário, inicia<strong>do</strong> em Portugal com a Revolução de 25 de<br />
Abril de 1974, culminan<strong>do</strong> um perío<strong>do</strong> de contestação cresc<strong>en</strong>te e traduzin<strong>do</strong><br />
uma ruptura com o passa<strong>do</strong>, fora interpreta<strong>do</strong> por alguns sectores políticos e<br />
intelectuais como fruto de um historicismo estreito, traduzin<strong>do</strong> fases <strong>do</strong> des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to<br />
histórico que mais tarde ou mais ce<strong>do</strong> afectariam a sociedade e a<br />
política espanhola. Assim, com frequência os títulos jornalísticos <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />
revolucionário constroem uma cronologia <strong>do</strong>s acontecim<strong>en</strong>tos espanhóis, com<br />
base na conceptualização portuguesa. Os anos de 1974-75, em que culminou o<br />
perío<strong>do</strong> revolucionário em Portugal foram particularm<strong>en</strong>te dramáticos na relação<br />
Portugal-Espanha - não ap<strong>en</strong>as o movim<strong>en</strong>to reaccionário se organizou a<br />
partir de Espanha (ELP), como os fuzilam<strong>en</strong>tos franquistas, por um la<strong>do</strong>, a vontade<br />
de alargam<strong>en</strong>to da revolução à P<strong>en</strong>ínsula e a convicção das forças revolucionárias<br />
portuguesas de que estariam em <strong>en</strong>cetar um processo histórico tão inevitável<br />
como irreversível, por <strong>outro</strong>, contribuíram para um descompasso histórico<br />
e para uma t<strong>en</strong>são e mesmo conflitualidade nos mais diversos factores - quadrante<br />
político, social, económico, cultural.<br />
Quan<strong>do</strong> das primeiras eleições legislativas de 1977, o quadro analítico <strong>do</strong>s<br />
cronistas portugueses estruturou-se por contraponto ao espectro político<br />
espanhol.<br />
Na campanha eleitoral de 1977, os parti<strong>do</strong>s espanhóis def<strong>en</strong>deram a abertura<br />
à CEE. E se o abraço <strong>en</strong>tre Soares e Suarez, em Novembro de 1977, interpreta<strong>do</strong><br />
ao tempo como celan<strong>do</strong> um acor<strong>do</strong> vazio, e a visita <strong>do</strong> Rei espanhol a<br />
Portugal, em 1978, não foram sufici<strong>en</strong>tes para a resolução de importantes questões<br />
económicas bilaterais como a das pescas, a das c<strong>en</strong>trais nucleares, a <strong>do</strong>s<br />
recursos hídricos e <strong>en</strong>ergéticos, a <strong>do</strong> turismo, num ponto havia porém cons<strong>en</strong>so:<br />
Portugal e Espanha deveriam solicitar conjuntam<strong>en</strong>te a sua adesão ao<br />
Merca<strong>do</strong> Comum.<br />
A transição da década de set<strong>en</strong>ta, permitira verificar que a demografia e a economia<br />
espanholas e portuguesas cresciam a ritmos difer<strong>en</strong>cia<strong>do</strong>s, com reflexos<br />
nos processos de adesão, pelo que a década de oit<strong>en</strong>ta se iniciou sob um clima<br />
de vários acor<strong>do</strong>s, nos quadros da OTAN, da EFTA, da CEE. Foram negociações<br />
bilaterais e no quadro comum da Europa. Foi, com efeito, num contexto de<br />
negociações em to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>mínios, alguns <strong>do</strong>s quais particularm<strong>en</strong>te críticos<br />
(caso das pescas e <strong>do</strong>s recursos hídricos), que a 1ª Cimeira Ibérica decorreu, nos<br />
primeiros dias de Abril de 1983. Tratou-se de um <strong>en</strong>contro bilateral ao mais alto<br />
nível, <strong>en</strong>volv<strong>en</strong><strong>do</strong> políticos, ag<strong>en</strong>tes económicos, ag<strong>en</strong>tes culturais. No campo<br />
cultural, a Cimeira fora precedida <strong>do</strong> I Encontro Luso-Espanhol de Poesia e por<br />
feiras- exposição de livros portugueses e espanhóis, em Madrid e em Lisboa, respectivam<strong>en</strong>te.