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A mirada do outro - Educación en valores

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A MIRADA DO OUTRO<br />

4<br />

1.2<br />

Não terá si<strong>do</strong> por acaso que um <strong>do</strong>s primeiros símbolos dessa legitimação<br />

histórica foi precisam<strong>en</strong>te a bandeira nacional, consagrada numa “festa da bandeira”<br />

que, com especial significa<strong>do</strong>, se concretizou no dia 1 de Dezembro de<br />

1910 – dia que passou a ser feria<strong>do</strong>, o primeiro feria<strong>do</strong> instituí<strong>do</strong> pelo novoregime<br />

3 -, data da comemoração da Restauração e <strong>do</strong>s seus heróis, os conjura<strong>do</strong>s.<br />

A proposta de uma festa da bandeira nesta data partiu da Comissão C<strong>en</strong>tral<br />

1.º de Dezembro, associação fundada em 1861 com o objectivo de comemorar<br />

este dia simbólico. Esta associação levara a cabo o propósito inicial de erigir<br />

em Lisboa um monum<strong>en</strong>to aos Restaura<strong>do</strong>res (que só se concretizou em<br />

1886) e mantinha viva, através de práticas comemorativas realizadas em diversas<br />

localidades <strong>do</strong> país, a memória daquele acontecim<strong>en</strong>to e a ideia da indep<strong>en</strong>dência<br />

nacional.<br />

A Comissão C<strong>en</strong>tral 1.º de Dezembro reunia intelectuais e políticos de<br />

diversos sectores (legitimistas, liberais de diversos matizes e até hom<strong>en</strong>s liga<strong>do</strong>s<br />

ao operaria<strong>do</strong>). Em 1870, em 32 sócios, metade era de Lisboa, 12,5% de<br />

Coimbra e 9,4% viviam no Brasil. Quase 1/3 (31,7%) eram jornalistas ou<br />

escritores; 28,2% faziam parte da alta burocracia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (ministros, deputa<strong>do</strong>s,<br />

governa<strong>do</strong>res civis, presid<strong>en</strong>tes de câmaras municipais, etc.); 8,2% eram<br />

militares e 7% capitalistas (comerciantes, industriaise banqueiros) 4 .<br />

As comemorações <strong>do</strong> 1.º de Dezembro remontavam a 1641. Nas Cortes<br />

desse ano (20 de Janeiro) decidira-se levar a cabo uma celebração anual de Te<br />

Deum nas sés catedrais; durante muito tempo as comemorações assumiram<br />

sobretu<strong>do</strong> um carácter religioso, com destaque para a evocação na Sé de<br />

Lisboa. A acção da Comissão C<strong>en</strong>tral 1.º de Dezembro terá contribuí<strong>do</strong> para<br />

a sua secularização – embora mant<strong>en</strong><strong>do</strong>, em parte, a dim<strong>en</strong>são religiosa. Em<br />

1892, numa assembleia geral realizada em Lisboa, pediu-se que o dia fosse con-<br />

3.<br />

O 1.º de Dezembro foi declara<strong>do</strong> feria<strong>do</strong> a 12 de Outubro de 1910 (uma semana depois da<br />

implantação da República). A decisão de comemorá-lo como festa da bandeira foi instituída por<br />

decreto de 22 de Novembro <strong>do</strong> mesmo ano (cf. Luís Miguel Andrade, História e memória.<br />

A Restauração de 1640: <strong>do</strong> liberalismo às comemorações c<strong>en</strong>ternárias de 1940 (tese de <strong>do</strong>utoram<strong>en</strong>to,<br />

policop.), s.l. Universidade de Aveiro, 2000, pp. 85-86). Sobre a controvérsia suscitada pela<br />

bandeira, veja-se João Medina, “A bandeira republicana – de p<strong>en</strong>dão inssurecto a bandeira nacional”,<br />

História de Portugal, vol. X, Lisboa, 1993, pp.143-178.<br />

4.<br />

Cf. Maria José A. Grossinho e Carla R<strong>en</strong>ata Espinha, Comissão C<strong>en</strong>tral 1.º de Dezembro de 1640<br />

(1861-1870) (policop.), s.l., 1996.

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