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A mirada do outro - Educación en valores

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A MIRADA DO OUTRO<br />

88<br />

principais, por essa indisp<strong>en</strong>sável via media<strong>do</strong>ra, da ci<strong>en</strong>tificação das práticas e<br />

profissionalização <strong>do</strong>s actores educativos. A afirmação de um escol dep<strong>en</strong>deria<br />

quer da capacidade deste em produzir um discurso para si mesmo quer o<br />

de o transformar n<strong>outro</strong> de possível consumo e uso pelos leigos. Os artigos pres<strong>en</strong>tes<br />

nas revistas - as próprias revistas, p<strong>en</strong>so - parecem ter essa dupla face e,<br />

surgem como uma espécie de objectos fronteira (Leigh Star & Griesemer,<br />

1999), ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s quais se fom<strong>en</strong>ta a cooperação <strong>en</strong>tre mun<strong>do</strong>s sociais e de<br />

comunicação diversos.<br />

2<br />

Espanha - Portugal: questões de id<strong>en</strong>tidade e de relação<br />

(uma recapitulação de evidências)<br />

Não faltam bons argum<strong>en</strong>tos acerca das difíceis relações <strong>en</strong>tre os <strong>do</strong>is<br />

Esta<strong>do</strong>s p<strong>en</strong>insulares na época atravessada pela nossa pesquisa; e que limitaram,<br />

por certo, as transferências <strong>en</strong>tre vizinhos. Olhan<strong>do</strong> ap<strong>en</strong>as para Portugal,<br />

são as razões <strong>do</strong> forjar arbitrário de uma id<strong>en</strong>tidade nacional e da legitimidade<br />

de um regime (no caso o republicano) 8 . No que a Portugal diz respeito, s<strong>en</strong><strong>do</strong><br />

certo que num mom<strong>en</strong>to ou n<strong>outro</strong>, por razões de conjuntura portanto, a<br />

aliança táctica com Espanha pôde parecer uma solução adequada (como alternativa<br />

face à influência inglesa ou como base de uma comunidade “ibero-latino-americana”),<br />

a desconfiança e a tomada <strong>do</strong> vizinho p<strong>en</strong>insular - melhor<br />

diz<strong>en</strong><strong>do</strong>, <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> espanhol hegemoniza<strong>do</strong> por Castela - como pot<strong>en</strong>cial<br />

absorv<strong>en</strong>te da “pátria” portuguesa parecem ter pre<strong>do</strong>mina<strong>do</strong>. Do “<strong>outro</strong>” la<strong>do</strong><br />

a disponibilidade para olhar o vizinho português, para além de ameaças (ou<br />

exercidas ou percebidas ou inv<strong>en</strong>tadas) de efectivo cumprim<strong>en</strong>to da absorção,<br />

não parece ter supera<strong>do</strong> a de uma curiosidade contida pela cultura e pelas experiências<br />

políticas e sociais portuguesas 9 .<br />

S<strong>en</strong><strong>do</strong> certo que, apesar das vicissitudes de um contexto político-intelectual<br />

molda<strong>do</strong> pela desconfiança e numa conjuntura marcada por um nacionalismo<br />

8. Estes traços estão bem evid<strong>en</strong>cia<strong>do</strong>s no trecho de um manual de História de Portugal de 1913,<br />

cita<strong>do</strong> por Hernández Díaz (1998, p. 295): "O perigo espanhol... Durante oito séculos, o sonho<br />

de Castela tem si<strong>do</strong> formar na p<strong>en</strong>ínsula um só esta<strong>do</strong>, a Ibéria, ambição, é preciso tambêm dizerse,<br />

acariciada por quási to<strong>do</strong>s os monarcas portugueses (...)". E acresc<strong>en</strong>tava, retoman<strong>do</strong> a possibilidade<br />

federalista, "(…) Portugal só para esta [Espanha] será um irmão, quan<strong>do</strong>, desmembrada,<br />

constitua pequ<strong>en</strong>os esta<strong>do</strong>s". Às razões atrás indicadas como constrange<strong>do</strong>ras de uma forte transferência<br />

cultural haverá que acresc<strong>en</strong>tar a coexistência de regimes políticos díspares no perío<strong>do</strong> que<br />

observo (1921-1935): em Portugal, os regimes demo-liberal (da I República Portuguesa, até<br />

1926), o de ditadura militar (1926-1930) e o <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Novo (a partir de 1930) e em Espanha o<br />

regime monárquico, a ditadura de Primo de Rivera (1923-1930) e a Segunda República espanhola<br />

(1931- 1936).

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