06.05.2013 Views

A mirada do outro - Educación en valores

A mirada do outro - Educación en valores

A mirada do outro - Educación en valores

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A MIRADA DO OUTRO<br />

40<br />

No primeiro caso, as repres<strong>en</strong>tações surgiam especialm<strong>en</strong>te quan<strong>do</strong> se tratava<br />

<strong>do</strong> nível baixo de escolarização <strong>do</strong>s Portugueses e no desejo <strong>do</strong>s republicanos<br />

em modificar a situação. Dois anos após a implantação da República, um<br />

inspector <strong>do</strong> <strong>en</strong>sino primário afirmava:<br />

Ou,<br />

Só nós portugueses, e espanhóis, habitantes da Ibérica P<strong>en</strong>ínsula,<br />

rodea<strong>do</strong>s pelo líqui<strong>do</strong> elem<strong>en</strong>to, na maior ext<strong>en</strong>são <strong>do</strong>s nossos limites,<br />

e <strong>en</strong>trincheira<strong>do</strong>s por detrás <strong>do</strong>s Pirinéus que, como barreira<br />

natural, parecem querer opor-se a que comuniquemos com o<br />

mun<strong>do</strong> e com a civilização, permanecemos indifer<strong>en</strong>tes ao frémito<br />

de <strong>en</strong>tusiasmo que perpassou por to<strong>do</strong>s os espíritos cultos e agitou<br />

to<strong>do</strong>s os povos 47 .<br />

E ao passo que as nações mais iluminadas não cessam de pedir (...)<br />

luz e mais luz, a pobre P<strong>en</strong>ínsula parece alheada de tu<strong>do</strong> isto, e continua<br />

a comprazer-se na aridez da sua t<strong>en</strong>ebrosa ignorância, ou no<br />

le<strong>do</strong> <strong>en</strong>gano da sua ilusória cultura” 48 .<br />

A par com estas posições, <strong>en</strong>contrámos, embora muito raram<strong>en</strong>te, por parte<br />

de autores republicanos, sinais da sua t<strong>en</strong>dência anti-ibérica. O exemplo mais<br />

significativo será porv<strong>en</strong>tura as afirmações de um professor muito emp<strong>en</strong>ha<strong>do</strong><br />

na organização associativa <strong>do</strong>s professores primários e nas suas ligações ao<br />

movim<strong>en</strong>to internacional. Exaltan<strong>do</strong> as qualidades <strong>do</strong>s portugueses deixa<br />

transparecer os seus s<strong>en</strong>tim<strong>en</strong>tos:<br />

Porém, o nosso Povo sempre foi grande, sempre se sacrificou quan<strong>do</strong><br />

este sacrifício era exigi<strong>do</strong> pela salvação da Pátria querida!.<br />

Por duas vezes a arrancou das garras de Espanha para o que ofereceu<br />

o seu sangue com que se escreveram em pergaminho <strong>do</strong>uradas e<br />

memoráveis datas de 14 de Agosto de 1385 e 1 de Dezembro de<br />

1640 (…) O perigo manifesto já não existe realm<strong>en</strong>te fora das fronteiras.<br />

Pode a Espanha sonhar o <strong>do</strong>ce idílio da União Ibérica, (…) o<br />

glorioso património <strong>do</strong>s nossos antepassa<strong>do</strong>s, que esse fugaz sonho e<br />

essa louca ambição jamais se converterão na realidade” 49 .<br />

47.<br />

Rosa y Alberty, Ricar<strong>do</strong> (1912). Breve memória sôbre trabalhos manuais. In Liga Nacional de<br />

Instrução, Terceiro congresso pedagógico. Abril de 1912. Lisboa: Impr<strong>en</strong>sa Nacional, p. 254.<br />

48.<br />

Campos, Agostinho de (1922). Educação e <strong>en</strong>sino. (2.ª ed.). Paris / Lisboa: Liv.ª Aillaud e<br />

Bertrand, p. 21-22. 1.ª ed.: 1910.<br />

49.<br />

Anjo, César (1913). A educação <strong>do</strong> povo portuguez. Mortágua: ed. <strong>do</strong> autor, p. 27 e 30.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!