A mirada do outro - Educación en valores
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Ao primeiro pert<strong>en</strong>cem as serras da Galiza e as <strong>do</strong> N. De Portugal até ao<br />
Vouga; ao segun<strong>do</strong>, as de Guadarrama, Gata, Gre<strong>do</strong>s, Estrela e outras; ao terceiro,<br />
as serras de Tole<strong>do</strong> e S. Mamede, em especial; e, por fim, ao último, as<br />
serras Mor<strong>en</strong>a, Espinhaço de Cão, Monchique, etc.<br />
(...)<br />
A parte mais bela, mais povoada e melhor cultivada de Espanha é a vert<strong>en</strong>te<br />
ori<strong>en</strong>tal, que compre<strong>en</strong>de a grande bacia <strong>do</strong> Ebro.<br />
À vert<strong>en</strong>te ocid<strong>en</strong>tal pert<strong>en</strong>cem as regiões superiores das bacias <strong>do</strong>s rios<br />
Minho, Douro, Tejo e Guadiana, cuja parte inferior pert<strong>en</strong>ce a Portugal, e<br />
toda a bacia <strong>do</strong> Guadalquibir, separadas umas das outras por três cadeias de<br />
montanhas paralelas. 19<br />
Esta evid<strong>en</strong>te transversalidade <strong>do</strong> espaço geográfico não ajudava à definição<br />
da id<strong>en</strong>tidade portuguesa. A necessidade de fundam<strong>en</strong>tação <strong>do</strong> s<strong>en</strong>tim<strong>en</strong>to<br />
patriótico, tão conv<strong>en</strong>i<strong>en</strong>te num tempo em que se s<strong>en</strong>tia algum “perigo<br />
Espanhol” e em que era preciso segurar as colónias ultramarinas, levava a que se<br />
explorassem os mom<strong>en</strong>tos mais dramáticos relaciona<strong>do</strong>s com a afirmação da<br />
indep<strong>en</strong>dência de Portugal. Deste mo<strong>do</strong>, a História de Portugal, aliás de acor<strong>do</strong><br />
com o p<strong>en</strong>sam<strong>en</strong>to de Salazar, constituiu um veículo fundam<strong>en</strong>tal de consolidação<br />
<strong>do</strong> imaginário nacional e, como tal, procurou sempre legitimar as razões que<br />
sust<strong>en</strong>tavam a luta <strong>do</strong>s portugueses pela indep<strong>en</strong>dência.<br />
Não admira, por isso, que a Espanha apareça nos livros de História, como já<br />
se viu nos textos de leitura, associada aos mom<strong>en</strong>tos mais decisivos para afirmação<br />
de Portugal como país soberano.<br />
Consideran<strong>do</strong> os livros de História de Portugal para o <strong>en</strong>sino primário,<br />
depre<strong>en</strong>de-se que a formação das nacionalidades surge no contexto da cruzada<br />
cristã contra os mouros e sobretu<strong>do</strong> da vontade e da ambição pessoal de alguns<br />
notáveis das forças cristãs. Num <strong>do</strong>s manuais narra-se assim a Reconquista<br />
Cristã:<br />
Os Visigo<strong>do</strong>s, que se haviam refugia<strong>do</strong> nas Astúrias, comanda<strong>do</strong>s por Pelágio,<br />
derrotam os Mouros na batalha de Cova<strong>do</strong>nga.<br />
Pelágio é aclama<strong>do</strong> rei das Astúrias e, a pouco e pouco, vai alargan<strong>do</strong> os seus<br />
territórios... Assim, nasceu o primeiro reino cristão da P<strong>en</strong>insula – o reino das<br />
Astúrias, mais tarde chama<strong>do</strong> de reino de Leão.<br />
19 Neves, Arman<strong>do</strong>, Geografia para os cursos de aperfeiçoam<strong>en</strong>to industrial, 1962,<br />
pp. 156-157.<br />
NACIONALISMOS DE ESTADO<br />
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