06.05.2013 Views

A mirada do outro - Educación en valores

A mirada do outro - Educación en valores

A mirada do outro - Educación en valores

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

progressivam<strong>en</strong>te exclusivista (Maurício, 2000) - e <strong>do</strong> consequ<strong>en</strong>te forjar de<br />

uma id<strong>en</strong>tidade toman<strong>do</strong> o <strong>outro</strong> (pelo m<strong>en</strong>os, uma parte <strong>do</strong> <strong>outro</strong>) como<br />

inimigo - existiram intercâmbios na esfera educativa que não se podem obviam<strong>en</strong>te<br />

desprezar 10 . Porém, a sua existência parece fundada em trocas <strong>en</strong>tre pessoas<br />

e com dificuldade de sobrevivência para além da existência desses indivíduos<br />

concretos.<br />

O caso da pres<strong>en</strong>ça regular e <strong>do</strong> posterior <strong>do</strong> desaparecim<strong>en</strong>to de informações<br />

sobre Portugal no BILE, depois <strong>do</strong> afastam<strong>en</strong>to de Alice Pestana, em<br />

9. E mesmo as manifestações de afecto mostradas em mom<strong>en</strong>tos de intercâmbio, como aquele que<br />

a seguir se descreve ao re<strong>do</strong>r da visita de estudante de Coimbra a Madrid, inscreviam essas dificuldades:<br />

"São duz<strong>en</strong>tos estudantes portugueses, que satura<strong>do</strong> o seu p<strong>en</strong>sar e s<strong>en</strong>tir de uma nova e<br />

ampla concepção da Pátria, forjada ao calor de humanos ideais e racionais progressos, veem dar fé<br />

<strong>do</strong> seu amor à raça, da sua afinidade de s<strong>en</strong>tim<strong>en</strong>tos com quem compartem o mesmo sol radiante<br />

e o mesmo céu azul, as águas fertiliza<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s seus rios e os ares puros e salubres das suas montanhas;<br />

os ricos e varia<strong>do</strong>s matizes <strong>do</strong> seu pródigo e fecun<strong>do</strong> solo (…) até aos grandiosos feitos históricos,<br />

e ao laço carinhoso da linguagem, nexos indestrutíveis que perdurarão a despeito das vicissitudes<br />

<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is povos, que nasceram para serem irmãos e que infunda<strong>do</strong>s receios e desconfianças<br />

hão manti<strong>do</strong> um tanto distancia<strong>do</strong>s, como evid<strong>en</strong>te agravo ao s<strong>en</strong>tir comum e notório prejuízo de<br />

seus recíprocos interesses morais e materiais. (…). Através da opacidade de antigos e infunda<strong>do</strong>s<br />

receios e desinteligências, a luz pugna para abrir caminho e a aurora de uma nova era de aproximação<br />

e confiança, apadrinhada pelas cultas gerações que começam, se vislumbra, consola<strong>do</strong>ra, no<br />

horizonte hispano-português" (suplem<strong>en</strong>to de La Escuela Moderna, de 22-4-1923, publica<strong>do</strong> na<br />

Revista Escolar, 5, 1923, pp. 157-58).<br />

10. Nas décadas de vinte e de trinta, haverá assim a recordar o prolongam<strong>en</strong>to <strong>do</strong>s contactos com<br />

a Institución Libre de Enseñanza, organização ao re<strong>do</strong>r da qual se id<strong>en</strong>tifica maior regularidade e<br />

int<strong>en</strong>sidade de relações. O Boletín da ILE surge, aliás, como o principal palco da pres<strong>en</strong>ça portuguesa<br />

(Hernández Díaz, 1998a). Ali se continuavam a ler textos assina<strong>do</strong>s por portugueses - A<strong>do</strong>lfo<br />

Coelho, António Sérgio, Bernardino Macha<strong>do</strong>, Faria de Vasconcelos - e textos de autores espanhóis<br />

interessa<strong>do</strong>s em questões portuguesas (Fernandes, 1997, Costa Rico, 1997, Hernández Díaz,<br />

1998a). A montante, haverá que recordar as relações de trabalho em que se <strong>en</strong>volvem, pela parte<br />

portuguesa, Álvaro Viana de Lemos, Áurea Amaral e Ir<strong>en</strong>e Lisboa (Costa Rico, 1997); e, talvez<br />

como a mais prolongada e profícua dessas ligações, a de Alice Pestana, como colabora<strong>do</strong>ra da ILE<br />

desde o início <strong>do</strong> século (Hernández Díaz, 1998a, 1998b). Também ao re<strong>do</strong>r de outras organizações,<br />

associáveis à acção da ILE ou de membros seus, como o Museo Pedagógico Nacional e a Junta<br />

para la Ampliación de Estudios, se podem notar tais contactos, ainda que marca<strong>do</strong>s mais pelas relações<br />

pessoais e pela exiguidade (cf. Hernández Díaz, 1998a, pp. 298-300). Conhecem-se ainda:<br />

o intercâmbio <strong>en</strong>tre os periódicos Revista de Pedagogía e Revista Escolar (Costa Rico, 1997); as existência<br />

de relações pessoais que ultrapassam mesmo as estritas relações de trabalho, caso de Jacobo<br />

Orellana (director <strong>do</strong> Instituto de Sur<strong>do</strong>mu<strong>do</strong>s, Ciegos y Anormales de Madrid) com Aurélio da<br />

Costa Ferreira e Cruz Filipe, e o acolhim<strong>en</strong>to a asila<strong>do</strong>s depois da queda da I República portuguesa,<br />

casos de Bernardino e Sérgio (Costa Rico, 1997); e a existência de viag<strong>en</strong>s de estu<strong>do</strong> de académicos<br />

e professores portugueses, casos da concretizada por Leonar<strong>do</strong> Coimbra e Newton Mace<strong>do</strong><br />

(ambos da Faculdade de Letras <strong>do</strong> Porto) a Espanha (e França) em 1921 para estu<strong>do</strong>s de psicologia<br />

experim<strong>en</strong>tal (Ferreira Gomes, 1994) e da realizada em 1930 a Madrid e Barcelona, descrita<br />

por Joaquim Tomás em texto publica<strong>do</strong> nesse ano pela Seara Nova (Costa Rico, 1997).<br />

NO TEMPO DO LIBERALISMO<br />

89

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!