Fundamentos de Educação em Saúde - CEAD - Unimontes
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Luiz Jacintho da Silva<br />
Professor titular<br />
<strong>de</strong> Infectologia,<br />
Departamento <strong>de</strong><br />
Clínica Médica,<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências<br />
Médicas da Unicamp.<br />
Subjetivas: individuais,<br />
pessoais e particulares.<br />
uma comédia, mas s<strong>em</strong>pre se transformando, s<strong>em</strong>pre se alterando. Com ela,<br />
as doenças. Segundo ele, Luiz Jacinto, isso é como no teatro, para enten<strong>de</strong>rmos<br />
o enredo da peça, precisamos enten<strong>de</strong>r o cenário. Olhar o território e<br />
buscar entendê-lo é mais do que dominar um conjunto <strong>de</strong> técnicas, é assumir<br />
uma forma <strong>de</strong> raciocínio, adotar uma lógica diferente para a compreensão<br />
do processo da vida.<br />
Muito se fala sobre o papel da <strong>de</strong>terminação social, econômica e<br />
política da doença; no entanto, pouco se faz <strong>de</strong> prático para permitir a sua<br />
compreensão. As reflexões que segu<strong>em</strong> a seguir ajudarão você na conclusão<br />
da elaboração do mapa e no estudo da sua localida<strong>de</strong>. Esse estudo dará uma<br />
interpretação simples e agradável aos processos lógicos necessários para,<br />
no futuro, conhecermos as doenças a partir do conhecimento do território,<br />
assim como a construção <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
A <strong>de</strong>manda atual é <strong>de</strong> profissionais com uma visão do todo, visão<br />
abrangente, para isso, nada melhor do que estudar o seu próprio território.<br />
Para Luiz Jacinto, o “Território” é mais do que o chão <strong>em</strong> que pisamos,<br />
como a vigilância é mais do que o registro cartorial <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> doença.<br />
Na sua concepção, o que é um TERRITÓRIO?<br />
Bom, vamos ver o que alguns estudiosos nos falam sobre “Território”.<br />
Segundo Haesbaert, 2004, o termo território, originalmente, é formado<br />
pela junção <strong>de</strong> duas palavras latinas, terri (terra) e torium (pertencente<br />
a), e foi <strong>em</strong>pregado para <strong>de</strong>nominar as terras sob jurisdição das cida<strong>de</strong>s<br />
antigas; no mundo mo<strong>de</strong>rno, é utilizado para <strong>de</strong>nominar as terras dos reinos.<br />
Essa compreensão, por ser muito antiga, é a mais diss<strong>em</strong>inada. Assim, no<br />
senso comum, território refere-se ao espaço <strong>de</strong>limitado e controlado por<br />
relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, geralmente o po<strong>de</strong>r do Estado. Neste caso, estudar o território<br />
brasileiro é analisar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional formada pela convivência<br />
<strong>de</strong> muitas gerações <strong>de</strong> pessoas organizadas politicamente, <strong>em</strong> um espaço<br />
on<strong>de</strong> o po<strong>de</strong>r é exercido por um governo soberano, falando a mesma língua<br />
e obe<strong>de</strong>cendo as mesmas leis. Mas o <strong>de</strong>senvolvimento da noção <strong>de</strong> território<br />
não se restringe apenas a esta dimensão política. Viver no território nacional<br />
também po<strong>de</strong> ser visto como produto da apropriação e da valorização simbólica<br />
<strong>de</strong> grupos sociais que preservam seus laços culturais. Neste sentido,<br />
o território é o que é mais próximo <strong>de</strong> nós e que nos liga ao mundo, o que<br />
reforça uma dimensão territorial simbólica, produzida nas interações subjetivas<br />
dos sujeitos que compartilham suas experiências sociais. (Monken e<br />
Barcellos, 2005).<br />
Para Rogério Haesbaert, ainda que não seja a concepção mais difundida,<br />
o território também po<strong>de</strong> ser entendido como espaço dominado e/<br />
ou apropriado; manifesta, hoje, um sentido multiescalar e multidimensional<br />
que só po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vidamente apreendido <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma concepção <strong>de</strong><br />
multiplicida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma multiterritorialida<strong>de</strong>. Toda ação que efetivamente<br />
se pretenda ser transformadora, hoje, necessita, obrigatoriamente, encarar<br />
esta questão: ou se trabalha com a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos territórios ou<br />
não se alcançará nenhuma mudança positivamente inovadora.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 42 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>