Fundamentos de Educação em Saúde - CEAD - Unimontes

Até pouco tempo, os cursinhos de pré-vestibular agiam dessa forma,
repetição da associação estímulo-resposta-reforço; o aluno teria que
memorizar para sair bem nas provas do vestibular, alcançando os primeiros
lugares nos melhores cursos. Hoje, com o Exame Nacional do Ensino Médio
ENEM, nova forma de ingressar nas Faculdades ou Universidades, a metodologia
tem mudado bastante nesses cursinhos. Outro exemplo é quando um
trabalhador em saúde promete algo à população em troca de alguns serviços
que venham beneficiar a própria população. Exemplo do combate à dengue:
“Quem mantiver o quintal livre de recipientes/vasilhames que possam acumular
água por X semanas vai ganhar um kit de produtos de limpeza.” A pessoa
pode manter o seu quintal limpo só para ganhar o prêmio e depois pode
voltar ao que era antes. A ênfase está no prêmio, e não na vida saudável que
deve ser proporcionada ao ficar livre do mosquito transmissor da dengue.
Consequências possíveis desta pedagogia
Em nível individual:
• aluno ativo, emitindo as respostas que o sistema propõe e permite;
• alta eficiência de aprendizagem dos dados e processos;
• o aluno não questiona e não participa da seleção dos objetivos e
dos métodos e não questiona os conteúdos do programa;
• o aluno não problematiza a realidade e não lhe solicitam uma
análise crítica da mesma;
• tendência ao individualismo, salvo quando o programa estabelece
oportunidades de participação;
• tendência à competitividade, pois o aluno mais rápido ganha
status e tem acesso a materiais ulteriores;
• eliminação da criatividade e originalidade, pois as respostas corretas
são preestabelecidas.
Em nível social:
• tendência à robotização da população com maior ênfase na produtividade
e eficiência;
• dependência de fonte externa para o estabelecimento de objetivos,
métodos e reforços, criando a necessidade de um líder;
• falta de desenvolvimento da consciência crítica e cooperação.
A partir desta lista de consequências pode-se inferir que a utilização
exclusiva desta pedagogia reforça a dependência mental, tecnológica,
política e socioeconômica das pessoas, impedindo-as de desenvolverem a
consciência crítica a partir da problematização de sua realidade.
C) A pedagogia da problematização
A pedagogia da problematização parte do princípio de que, num
mundo de mudanças rápidas e profundas, o importante não são os conhecimentos
ou ideias, nem os comportamentos corretos e fiéis ao esperado,
senão o aumento da capacidade do aluno para detectar os problemas reais e
buscar-lhes solução original e criativa. A experiência de que deve ser valorizada
é a observação grupal da própria realidade, o diálogo e a participação
na ação transformadora das condições de vida.
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