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Dissertação Vio - Unesp

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E STUDOS SOBRE E XPOGRAFIA 2 05<br />

usina, porém plena de um grande e inexplicável sentimento cívico<br />

de ‘progresso cultural’, cujo significado não só não conhecia,<br />

como mais tarde iría questionar” (Ibidem, 2005-6).<br />

Durante a infância, Sheila Leirner não só estava inserida num ambiente<br />

no qual prevaleciam como principal assunto as artes, como também – de acordo<br />

com seu próprio depoimento – germinou um senso crítico imposto pela própria<br />

situação em que se encontrava. Testemunhando o clima de euforia provocado<br />

pela Guernica, sem receber qualquer resposta ou esclarecimento para suas<br />

perguntas 24 , encontrou-se forçada a refletir sobre o assunto. Apesar da<br />

imaturidade, do pequeno repertório adquirido para chegar a qualquer resposta<br />

esclarecedora, através dessa tática que lhe foi imposta, “inteligente didática da<br />

anti-didática” (Ibidem, 2005-6), como classificou, exercitou não só seu raciocínio,<br />

como também, inconscientemente, uma leitura fenomenológica da obra,<br />

classificando-a como “sombria”. Isto, porém, não esclarecia, dentro de seu<br />

universo infantil, “uma vez que crianças gostam de cores” (Ibidem, 2005-6),<br />

porque os adultos estavam tão ansiosos diante dessa obra. Uma possibilidade de<br />

tanto êxito poderia atribuir-se à dimensão da obra como mencionou na citação<br />

anterior, mas a incerteza e questionamentos prevaleciam:<br />

“Assim, desde criança eu via a Bienal de São Paulo como uma<br />

enorme e eficiente fábrica de turbulências e contradições, onde<br />

nem mesmo a feira das vaidades conseguia subjugar os seus<br />

valores nascentes. Apesar de fazerem parte de grupos e<br />

movimentos ideológicos coletivos, nos anos 50 e 60 as<br />

singularidades e as personalidades individuais falavam mais alto<br />

e o mundo das artes fabricava estrelas tanto quanto Hollywood”<br />

(Ibidem, 2005-6)<br />

24 “Como eu estava na idade dos porquês, presumo o que essa torrente de novidades devia<br />

exaurir meus pais e avós em suas respostas, pois eles acabaram por adotar a fórmula do "porque<br />

sim" (Leirner, 2005-6).

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