16.04.2013 Views

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Também <strong>de</strong> acordo com esse autor, <strong>no</strong> século XIX, surgem os cannards, jornais populares<br />

franceses; <strong>no</strong>s Estados Unidos, o New York World, <strong>de</strong> Joseph Pulitzer, <strong>de</strong>scobriu o filão do<br />

sensacionalismo e, posteriormente, sofreu forte concorrência do Morning Journal, <strong>de</strong> George<br />

Hearst. Segundo Barbosa (2004), foi na década <strong>de</strong> 1920 que surgiram <strong>no</strong> Brasil jornais diários<br />

<strong>de</strong>dicados a escândalos e tragédias, como Manhã e Crítica.<br />

O jornal sensacionalista utiliza-se <strong>de</strong> uma linguagem coloquial exagerada (uso <strong>de</strong> gírias ou<br />

palavrões), faz com que o leitor se envolva emocionalmente com os fatos. Há a exploração <strong>de</strong><br />

lendas do vulgar, crenças populares, pessoas e animais com <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s, e seu maior enfoque é o<br />

trinômio “sexo-escândalo-sangue”, ressalta Agrimani. Além, é claro, do uso <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> impacto.<br />

Um ingrediente fundamental do sensacionalismo são os fait divers:<br />

Não é preciso conhecer nada do mundo para consumir<br />

um fait divers: ele não remete a nada além <strong>de</strong>le próprio;<br />

evi<strong>de</strong>ntemente, seu conteúdo não é estranho ao mundo:<br />

<strong>de</strong>sastres, assassinatos, raptos, agressões, aci<strong>de</strong>ntes, roubos,<br />

esquisitices, tudo que remete ao homem: à sua história, à sua<br />

alienação, a seus fantasmas, aos seus sonhos, aos seus medos.<br />

(Barthes, apud Barbosa, 2004, p. 06).<br />

Um marco do <strong>jornalismo</strong> sensacionalista <strong>no</strong> Brasil foi o jornal Notícias Populares, criado em<br />

1963 por Herbert Levy (presi<strong>de</strong>nte da UDN) e pelo jornalista rome<strong>no</strong> Jean Melle. É o que<br />

afirma Agrimani, para quem o jornal foi autor da maior mentira da imprensa brasileira: o caso do<br />

bebê diabo. Foram vinte e duas edições <strong>de</strong> pura invenção nas páginas do diário, que acabou<br />

em 2001. “O Notícias Populares surgiu para neutralizar o Última Hora”, afirma Gol<strong>de</strong>nstein,<br />

citado por Agrimani.<br />

Porém, é lógico afirmar que, se há jornais sensacionalistas, é porque há uma i<strong>de</strong>ntificação do<br />

leitor – mesmo que inconsciente – com os heróis das <strong>no</strong>tícias, os “personagens” do crime e<br />

da violência. Agrimani acredita que<br />

tanto o leitor do jornal “sóbrio”, quanto aquele<br />

que prefere o sensacionalismo, se interessa pelo crime, pelo<br />

rapto, pelo aci<strong>de</strong>nte, pela catástrofe. O que vai fazer com que<br />

o mercado se divida e haja um público exclusivo para o<br />

veículo sensacionalista é a linguagem [...], além da

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!