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Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

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Marien Calixte relatou que O Diário se relacio<strong>no</strong>u com o Esquadrão da Morte <strong>de</strong> uma maneira<br />

“curiosa”. “Embora se falasse contra as chacinas, os <strong>de</strong>legados ligados ao Esquadrão viviam<br />

na redação, costumavam beber cerveja com o pessoal e alguns <strong>de</strong>les até escreviam matérias, dando<br />

a versão da Polícia”.<br />

Segundo Calixte, esta era uma estratégia, pois, “mesmo falando contra o Esquadrão da Morte,<br />

o jornal sempre tirava da reta a cara do pessoal que o integrava. Não havia uma posição radical do<br />

jornal <strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciar o Esquadrão”.<br />

Com a cobertura <strong>de</strong>sses crimes, o jornal, que tinha uma tiragem diária <strong>de</strong> três mil exemplares,<br />

passou a rodar <strong>de</strong> três a quatro vezes mais jornais por dia. Com isso, segundo Pedro Maia, o público<br />

capixaba apren<strong>de</strong>u a ler jornal e passou a procurá-lo na banca.<br />

Esse fato está na lembrança <strong>de</strong> muitos jornalistas que lá trabalhavam e fizeram seus registros<br />

<strong>no</strong> livro organizado por Gurgel em 1998:<br />

“O Esquadrão foi um escândalo e, por isso, um filé mig<strong>no</strong>n<br />

para a cobertura jornalística”. (Tonico dos Anjos)<br />

“O jornal era combativo, publicava reportagens especiais e se<br />

<strong>de</strong>stacou na cobertura do Esquadrão da Morte. A linha<br />

editorial era popular, mas tinha <strong>de</strong> tudo”. (João Luís Caser)<br />

“O jornal teve seus gran<strong>de</strong>s momentos. Nos tempos do<br />

Esquadrão da Morte, vendia igual água. Era um jornal<br />

simpático, todo mundo gostava”. (Oscar Rocha Junior –<br />

Boquinha)<br />

“Era <strong>no</strong>ite e dois camburões da Polícia passaram com <strong>de</strong>sti<strong>no</strong><br />

à Barra do Jucu. Era o início da maior manchete policial da<br />

história do <strong>jornalismo</strong> capixaba: o Esquadrão da Morte. A<br />

<strong>no</strong>tícia <strong>de</strong>morou 24 horas para explodir. Foi uma manchete<br />

garrafal, com letras que eu nunca vira iguais: 11 Cadáveres”.<br />

(Gérson Camata)<br />

O período que se segue é marcado pela gran<strong>de</strong> contradição que <strong>no</strong>rteou os <strong>a<strong>no</strong>s</strong> 70 na redação<br />

<strong>de</strong> O Diário: o jornal passa por gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s financeiras, mas funciona como a<br />

gran<strong>de</strong> escola <strong>de</strong> <strong>jornalismo</strong> do <strong>Espírito</strong> <strong>Santo</strong>.

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