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Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

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A Gazeta e a política <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> século<br />

Na virada do milênio, o <strong>Espírito</strong> <strong>Santo</strong> foi marcado por uma onda <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> corrupção<br />

nas estruturas do po<strong>de</strong>r público. O jornal A Gazeta abriu espaço para reportagens (muitas <strong>de</strong>las<br />

premiadas) que tiveram gran<strong>de</strong> influência <strong>no</strong> quadro geral da política capixaba.<br />

A administração do ex-Governador José Inácio Ferreira esteve envolvida em <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong><br />

operações ilegais que incluíam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> verbas públicas para financiamento <strong>de</strong> sua<br />

campanha política, passando por superfaturamento <strong>de</strong> obras, até cobrança <strong>de</strong> propinas e chantagens<br />

para liberação <strong>de</strong> transações envolvendo o erário público.<br />

O processo <strong>de</strong> apuração foi <strong>de</strong>morado. Da primeira suspeita <strong>de</strong> frau<strong>de</strong> à publicação da primeira<br />

reportagem bombástica se pas- saram cerca <strong>de</strong> 40 dias <strong>de</strong> puro trabalho investigativo,<br />

sustentado pela ação da Polícia e do Ministério Público.<br />

Foram quase dois <strong>a<strong>no</strong>s</strong> <strong>de</strong> cobertura, <strong>de</strong> 2001 ao final <strong>de</strong> 2002. Uma equipe <strong>de</strong> jornalistas,<br />

chefiada pelo então editor <strong>de</strong> Política, Sérgio Egito, trabalhou <strong>no</strong> caso. Dentre esses jornalistas<br />

estavam Andréia Lopes, André Hees, Lúcia Garcia, Eduardo Caliman, Gabriela Rölke, Radanezi<br />

Amorim e Vilmara Fernan<strong>de</strong>s.<br />

O jornalista Eduardo Caliman, atual editor <strong>de</strong> Política, conta que A Gazeta recebeu <strong>de</strong> fontes<br />

em off uma cópia <strong>de</strong> um extrato bancário que <strong>de</strong>monstrava o repasse <strong>de</strong> um empréstimo <strong>de</strong> R$<br />

2 milhões feito <strong>no</strong> Banestes a duas empresas. Esse dinheiro chegou a José Inácio por meio <strong>de</strong>ssas<br />

empresas e foi usado para cobrir o rombo que ele tinha naquele banco referente a um<br />

empréstimo feito durante sua campanha eleitoral.<br />

Entretanto, mesmo com essa prova nas mãos, o jornal não publicou a matéria, porque não<br />

havia a certeza quanto à questão <strong>de</strong> ter que se respeitar o sigilo bancário. Além disso, o<br />

jornalista lembra que o fato <strong>de</strong> o então presi<strong>de</strong>nte da Assembléia Legislativa, José Carlos Gratz,<br />

estar alimentando a imprensa com informações era um fator <strong>de</strong> questionamento quanto à veracida<strong>de</strong><br />

do material reunido, já que ele era parte interessada <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> afastamento do Governador e do<br />

Vice-Governador, pois seria o próximo a assumir o Palácio Anchieta, seguindo a hierarquia dos<br />

po<strong>de</strong>res. Assim, foi preciso fundamentar as matérias com o dobro <strong>de</strong> cuidado.

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