16.04.2013 Views

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

“Em meados <strong>de</strong> 1992, eu comecei a preparar o jornal, ro<strong>de</strong>i algumas edições – mesmo sendo<br />

empregado <strong>de</strong> outro jornal, eu estava <strong>de</strong> férias. Fazia o jornal semanal, e não mais diário”, lembra o<br />

fotógrafo. Mas, quando o jornal começou a circular, Moreira passou a enfrentar problemas com a<br />

Empresa Gráfica O Debate, responsável pela impressão. “O pessoal da oficina achou que eu ia<br />

ganhar dinheiro com o jornal, que eu ia ficar rico. O Djalma e a Maria Nilce nunca foram ricos. A<br />

Empresa Gráfica O Debate começou a pressionar, porque eles tinham questões<br />

trabalhistas pen<strong>de</strong>ntes”, afirma Moreira. Foi feito um acordo, pelo qual a gráfica ficava com a<br />

oficina e prestaria um serviço para o jornal, que pagaria por ele. Mas, pouco tempo <strong>de</strong>pois o acerto<br />

foi <strong>de</strong>sfeito.<br />

“Eles temiam que o jornal fosse feito em off-set. Para evitar mais problemas, eu fechei, <strong>de</strong>sisti.<br />

Nisso, todos ficaram sem receber, eu fiquei sem um meio <strong>de</strong> comunicação. Eu, Djalma e os<br />

últimos funcionários do Jornal da Cida<strong>de</strong> ficamos a ver navios, sem nada”, lamenta Moreira.<br />

Para Zuleika Savig<strong>no</strong>n, o Jornal da Cida<strong>de</strong> teve uma passagem interessante, que marcou<br />

época. “Eu acredito até que ele faça falta hoje. Ela faz falta”, afirma a jornalista. Talvez porque<br />

seja um tipo <strong>de</strong> <strong>jornalismo</strong> que não sobreviveu a esta época. Os jornais impressos seguiram um<br />

caminho oposto, consolidando-se como gran<strong>de</strong>s empresas <strong>de</strong> comunicação ligadas a corporações <strong>de</strong><br />

mídia. O peque<strong>no</strong> jornal impresso, quase um empreendimento familiar, não tem mais lugar na<br />

socieda<strong>de</strong> contemporânea. Assim como o colunismo social per<strong>de</strong>u bastante <strong>de</strong> sua influência <strong>de</strong>ntro<br />

da socieda<strong>de</strong>.<br />

Analisando o <strong>jornalismo</strong> capixaba em seus 32 <strong>a<strong>no</strong>s</strong> <strong>de</strong> carreira, Moreira percebe na diminuição<br />

do número <strong>de</strong> jornais uma triste realida<strong>de</strong>. “Antes, existiam o Jornal da Cida<strong>de</strong>, O Diário, A<br />

Tribuna e A Gazeta. Daquela época para cá, a população do Estado aumentou cerca <strong>de</strong> 60% e os<br />

jornais diminuíram pela meta<strong>de</strong>”, afirma o jornalista, que ainda está na ativa. “A leitura <strong>de</strong> jornal <strong>no</strong><br />

Estado é muito baixa. Pelo número <strong>de</strong> jornais e a população, não chega a 5% <strong>de</strong> leitura”, constata<br />

Moreira, <strong>de</strong>sapontado.<br />

Ainda assim, muitos <strong>de</strong>safios continuam os mesmos e alguns conselhos parecem ser eter<strong>no</strong>s:<br />

“Se a imprensa não falar nada, se ela se omitir, se ficar encolhida com medo <strong>de</strong> morrer, ou <strong>de</strong><br />

envelhecer como eu envelheci, ninguém vai falar nada. E eu posso morrer amanhã em um asilo,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!