16.04.2013 Views

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

já que a Polícia do Estado, naquela época, principalmente a Polícia Civil, tinha comprometimento<br />

muito forte com pessoas que figuravam como suspeitos, autores intelectuais ou mandantes do<br />

crime”, explica Aurich. O crime foi apurado pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral. O pro- motor Gilberto Fabia<strong>no</strong><br />

Tosca<strong>no</strong> <strong>de</strong> Mattos elaborou um relatório com base <strong>no</strong> inquérito da Polícia Fe<strong>de</strong>ral e disse que o<br />

crime teve como mandante José Alayr Andreatta, que teria contratado seu amigo pessoal, Romualdo<br />

Eustáquio da Luz Faria, conhecido como “Japonês”, para matar Maria Nilce. Eustáquio<br />

chamou para a missão o pistoleiro José Sasso, que convocou o policial César Narcizo da Silva para<br />

executar o crime. Segundo as apurações, foi o próprio Sasso quem disparou os tiros que<br />

mataram Maria Nilce. A arma <strong>de</strong> César Narcizo, que era o encarregado <strong>de</strong> matá-la, não funcio<strong>no</strong>u.<br />

“O intermediário do crime era o Andreatta e os mandantes não foram indicados porque, apesar <strong>de</strong><br />

ter sido provado que o intermediário participou do pagamento da viagem dos crimi<strong>no</strong>sos, ele nunca<br />

confessou a autoria e nunca indicou quem lhe teria pagado para isso. A tese que foi composta e que<br />

justificava o assassinato é <strong>de</strong> que Maria Nilce teve informações privilegiadas sobre algumas<br />

negociatas aqui do Estado.<br />

E sinalizou que queria publicar <strong>no</strong> seu jornal”, completa Aurich.<br />

Segundo o coronel, ela estava sendo ameaçada e ficou apavorada, intimidada e não conseguiu<br />

<strong>de</strong>nunciar.<br />

O inquérito comprovou que seu assassinato foi realmente fruto do crime organizado <strong>no</strong><br />

<strong>Espírito</strong> <strong>Santo</strong>. “Na época, eles diziam que não havia crime organizado, que era invenção da gente.<br />

Agora, ficou provado que nós falávamos a verda<strong>de</strong>. Existia não só <strong>no</strong> mundo empresarial, como na<br />

Justiça, <strong>no</strong> Gover<strong>no</strong>, nas duas Polícias”, afirma Djalma. “Não é fácil, até hoje, lutar contra o<br />

crime organizado, contra o tráfico <strong>de</strong> drogas, contrabando, frau<strong>de</strong>s. É difícil porque quem luta não<br />

tem dinheiro e eles têm até <strong>de</strong>mais, para pagar não só quem faz os crimes, mas também para<br />

encobrilos”, indigna-se.<br />

“Era um <strong>Espírito</strong> <strong>Santo</strong> diferente do atual. Hoje, um crime como o <strong>de</strong>la teria outro tipo <strong>de</strong><br />

repercussão. Naquela época, na socieda<strong>de</strong>, não houve muita indignação. A socieda<strong>de</strong> não teve o<br />

comprometimento emocional que <strong>de</strong>veria ter tido. Eu acho que, hoje, a socieda<strong>de</strong> se indignaria mais<br />

com o assassinato <strong>de</strong>la”, pon<strong>de</strong>ra Aurich. Até porque os diversos <strong>de</strong>safetos <strong>de</strong> Maria<br />

Nilce procuraram <strong>de</strong>squalificá-la. Dizia-se que ela traía o marido, que ela era <strong>de</strong>sonesta, que ela

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!