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Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

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estava extorquindo os outros. “Era uma época terrível. Eram cometidos crimes absurdos. Não<br />

tem só o <strong>de</strong> Maria Nilce, tem vários”, concorda Djalma.<br />

Apesar <strong>de</strong> as provas <strong>no</strong> caso do assassinato <strong>de</strong> Maria Nilce serem materiais – pren<strong>de</strong>ram José<br />

Sasso, localizaram a arma, recuperaram a toca ninja que ele usava com seus cabelos <strong>de</strong>ntro, fizeram<br />

perícia –, o caso nunca foi a julgamento. “Na época, envolveu-se o <strong>no</strong>me <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sembargador e<br />

isso nunca mais foi à frente na Justiça. Virou crime insolúvel, mas, na verda<strong>de</strong>, ele foi solucionado.<br />

Esse processo me parece que é um <strong>de</strong>sses que estão aí nas prateleiras do Po<strong>de</strong>r Judiciário. Em 2009,<br />

ele vai para o espaço. Não é difícil ele estar parado por causa disso”, diz Aurich.<br />

Após o crime, a família se <strong>de</strong>sestruturou. Maria Nilce era uma mulher forte, <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>.<br />

Seu marido era uma pessoa mais pacata. “A <strong>no</strong>ssa luta era esta. Foi um erro pelo qual nós<br />

pagamos, mas do qual eu não me arrependo. Ela foi assassinada por causa disso. Ninguém foi<br />

punido pelo crime, porque houve um complô da socieda<strong>de</strong>, do Gover<strong>no</strong>, da Polícia e da Justiça.<br />

Agora a Scu<strong>de</strong>rie Le Cocq foi fechada. Mas isso custou a vida <strong>de</strong>la, a minha ruína e a da<br />

minha família. Porque até hoje eu estou pagando”, <strong>de</strong>sabafa Djalma. Após o crime, ele<br />

continuou recebendo ameaças e chegou a ser aconselhado por um membro da organização Scu<strong>de</strong>rie<br />

Detetive Le Cocq a sair da cida<strong>de</strong>, caso contrário também seria assassinado.<br />

O inevitável fim<br />

O Jornal da Cida<strong>de</strong> já havia sofrido represálias por suas publicações.<br />

No dia 15 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1975, a Polícia Civil apreen<strong>de</strong>u toda a edição do jornal, a pedido da<br />

Polícia Fe<strong>de</strong>ral, aten<strong>de</strong>ndo a <strong>de</strong>terminação da chefia em Brasília. A solicitação foi feita<br />

pelo governador Elcio Álvares, alegando que a edição do jornal continha “ataques à pessoa do<br />

governador e à sua família”. Djalma contestou a informação, <strong>de</strong>stacando que o jornal trazia um<br />

editorial criticando apenas o jornalista Esdras Leo<strong>no</strong>r, secretário-particular do governador. “O<br />

Djalma sempre foi ligado ao Gover<strong>no</strong>, aos militares. O único relacionamento que ele não teve bem<br />

foi com o gover<strong>no</strong> Élcio Álvares. Era uma briga <strong>de</strong> Maria Nilce.<br />

Nessa época, o Gover<strong>no</strong> do Estado não dava nenhum dinheiro em publicida<strong>de</strong> para o Jornal da<br />

Cida<strong>de</strong> e coagia as empresas a também não darem”, relata Antônio Moreira.

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