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Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

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somente <strong>no</strong>s editoriais, mas também em outras páginas, opiniões e posicionamentos políticos que<br />

tiravam muito a pretensão <strong>de</strong> imparcialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse primeiro momento.<br />

De acordo com Robson Moreira, a idéia era dizer, em função <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada realida<strong>de</strong> –<br />

início da abertura <strong>de</strong> uma ditadura muito cruel –, tudo aquilo que há muito não era dito.<br />

Segundo Ti<strong>no</strong>co dos Anjos, jornalista, que embora não tenha trabalhado, era envolvido com o<br />

jornal na época, “o Posição era um jornal <strong>de</strong> esquerda que <strong>de</strong>nunciava, criticava e fazia<br />

oposição àquela situação política do País. Batia nisso com força. Eu me lembro <strong>de</strong> uma matéria <strong>de</strong><br />

capa que me marcou muito, sobre o prefeito da Serra, José Maria Feu Rosa. O título da matéria<br />

era assim: ‘Êta corruptozinho <strong>de</strong> merda’, referindo-se ao fato <strong>de</strong> ele ter sido apanhado numa<br />

pequena transação <strong>de</strong>sonesta mal feita.<br />

Então, era um jornal que misturava humor com agressivida<strong>de</strong> política, e era um espaço <strong>de</strong><br />

combate mesmo”.<br />

A segunda fase, entre 1977 e 1978, é marcada pela inserção <strong>de</strong> outros profissionais, como<br />

intelectuais e integrantes <strong>de</strong> movimentos sociais, <strong>de</strong> forma que, uma vez inseridos <strong>no</strong>s meios <strong>de</strong><br />

comunicação, pu<strong>de</strong>ssem se sentir como personagens <strong>de</strong>ssa história. “Fizemos do movimento<br />

popular na periferia a gran<strong>de</strong> matéria-prima para o jornal. Nós não fazíamos para eles, mas, por<br />

meio do jornal, falávamos dos problemas e que, se eles se organizassem, podiam conquistar a vida<br />

que estavam necessitando.<br />

E eles se animavam a conversar com o outro e daqui a pouco, tinha gran<strong>de</strong>s famílias<br />

envolvidas. Era uma situação <strong>de</strong> abando<strong>no</strong>, <strong>de</strong> miséria absoluta, <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> saneamento básico, <strong>de</strong><br />

falta <strong>de</strong> comida”, <strong>de</strong>screve Robson Moreira.<br />

Nesse período, surge uma das principais características que distingue o Posição dos <strong>de</strong>mais<br />

jornais daquela época: um conselho editorial. De acordo com Moreira, esse conselho era bastante<br />

diversificado e qualquer um podia participar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que freqüentasse as reuniões. As pessoas que o<br />

constituíam nem sempre eram jornalistas; havia também, e principalmente, pessoas da<br />

comunida<strong>de</strong>, da Universida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> movimentos, sindicatos, isto é, pessoas que tinham suas<br />

respectivas militâncias, mas que, naquele momento, participavam das discussões e edições do<br />

jornal. Há quem diga que, nesse período, o jornal passou a servir como instrumento dos diversos<br />

movimentos <strong>de</strong> base e que, por isso, teria <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> ser um jornal, idéia que vem <strong>de</strong> encontro ao

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