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Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

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Segundo Antônio Moreira, que começou a trabalhar <strong>no</strong> jornal em 1974, fazendo fotos para o<br />

jornal e para Maria Nilce, o Jornal da Cida<strong>de</strong> não tinha estrutura. “Não havia sócios. Era um<br />

jornal do Djalma e da Maria Nilce. Vivia <strong>de</strong> anúncios e assinaturas que a Maria Nilce arranjava, e<br />

dos bons relacionamentos políticos do Djalma. Não entrava nenhum dinheiro além disso”,<br />

afirma Moreira. “Tinha só um carro para fazer tudo: entrega, cobranças, levar material, etc. Não<br />

tinha um carro <strong>de</strong> reportagem, os jornalistas tinham que se virar. O jornal não tinha uma equipe na<br />

rua, só fazia cobertura em ocasiões especiais. No conteúdo, era um jornal ou fofoqueiro ou <strong>de</strong><br />

fofoca política”, continua Moreira.<br />

A falta <strong>de</strong> estrutura não parava por aí. Tânia Trento e Marilda Rocha, que trabalharam na<br />

seção <strong>de</strong> Polícia do jornal, contam que só iam à redação para receber. Seus textos eram escritos<br />

em uma salinha <strong>de</strong> imprensa na Polícia Civil e entregues diretamente na oficina em Santa Cecília,<br />

on<strong>de</strong> o jornal era impresso, sem revisão <strong>no</strong> texto. “Não tinha estrutura nenhuma. Não tinha pauteiro.<br />

Ninguém me ligava pedindo nada. O que eu escrevesse era o que saía. Era eu quem<br />

<strong>de</strong>terminava o que ia fazer”, comenta Tânia.<br />

Essa seção ficava na última das oito páginas que possuía o periódico.<br />

Às vezes, ocupava a página inteira, outras, a meta<strong>de</strong>. “Se eu escrevesse duas páginas, davam<br />

duas páginas. Mas eu não fazia isso, porque ganhava muito pouco. Parecia um estágio em<br />

que ninguém tomava conta <strong>de</strong> você”, diverte-se Tânia. “Nosso salário era a terça parte do salário <strong>de</strong><br />

A Tribuna na época. E a gente ainda recebia por semana, ou seja, não tinha vínculos”,<br />

completa Marilda Rocha.<br />

Hilmar <strong>de</strong> Jesus foi repórter da seção <strong>de</strong> Polícia <strong>no</strong> início dos <strong>a<strong>no</strong>s</strong> 70. “A rotina não era nada<br />

saudável. Devido à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> repórteres, teve até um período em que fiz uma reportagem<br />

<strong>de</strong> futebol. Havia dias em que, além <strong>de</strong> escrever a minha parte, tinha também <strong>de</strong> datilografar a<br />

coluna <strong>de</strong> Maria Nilce na máquina Olivetti.<br />

Lembro que até corrigia algumas palavras que ela escrevia errado”, recorda-se Hilmar.<br />

O repórter foi o responsável por um furo memorável <strong>no</strong> caso Araceli que o jornal <strong>de</strong>u <strong>no</strong>s<br />

concorrentes, ainda em seu início.<br />

“Era março <strong>de</strong> 1972. Recordo-me que cheguei na Chefatura <strong>de</strong> Polícia por volta das 14 horas.<br />

Como tinha apenas 17 <strong>a<strong>no</strong>s</strong> <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, os repórteres <strong>de</strong> A Gazeta e A Tribuna não me davam im-

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