16.04.2013 Views

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

movimentos populares então insurgentes, impressionam as várias estratégias <strong>de</strong> linguagem que elas<br />

empregavam para fazer chegar a sua mensagem àquele público-alvo bem localizado a que se<br />

direcionavam: em geral, pessoas que, na escala societária, ocupavam as camadas C, D e E; pessoas,<br />

portanto, com um baixo grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>.<br />

Tais estratégias são em tudo discrepantes às técnicas <strong>de</strong> discurso aplicadas <strong>no</strong>s jornais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

circulação. Basta que se folheie brevemente alguns poucos exemplares <strong>de</strong> publicações <strong>de</strong>ssa or<strong>de</strong>m para<br />

se i<strong>de</strong>ntificar alguns traços bem marcantes e que, basicamente, repetem-se em todas elas, quais sejam:<br />

1) Um texto muito mais direto e objetivo, em todos os sentidos que esses adjetivos possam ter.<br />

Quase via <strong>de</strong> regra, o enunciador se dirige diretamente ao leitor e o faz na linguagem mais<br />

simples possível. Por “simples” entenda-se uma linguagem “enxuta”, popular, coloquial, muitas vezes<br />

até vulgar, para assegurar que a comunicação se estabeleça. O vocabulário é o mais acessível – o que,<br />

vale frisar, não quer dizer <strong>de</strong>srespeito ao Português –, reduzido às palavras que são <strong>de</strong> conhecimento<br />

coletivo. O discurso, não raro, revela um tom didático, visando a transmitir mensagens evi<strong>de</strong>ntemente<br />

educativas. Há, também, um flerte constante com o lúdico, que se expressa <strong>de</strong> maneiras variadas.<br />

2) Salta aos olhos, sobretudo, o uso extremado <strong>de</strong> quadrinhos, charges e ilustrações em geral, ora<br />

para adornar o texto, tornando- o mais agradável, ora para se somar ao texto, complementando a sua<br />

mensagem, ora realmente em seu lugar, quando correspon<strong>de</strong> à própria mensagem. É <strong>no</strong>tável a maneira<br />

como se apelava reiteradamente a essas linguagens como estratégias <strong>de</strong> discurso, aproveitando-se todo<br />

o ludismo que elas encerram.<br />

Com efeito, a recorrência aos quadrinhos aponta como estratégia com o fim <strong>de</strong>liberado <strong>de</strong> atingir,<br />

<strong>de</strong> maneira mais precisa e abrangente, um público sabidamente pouco afeito à leitura da palavra escrita.<br />

Assim, freqüentemente, vemos o texto verbal dando lugar ao texto visual, às vezes mais direto e<br />

infantil, às vezes um pouco mais elaborado em charges que contêm mensagens mais sutis nas<br />

entrelinhas. Fica clara a intenção primordial <strong>de</strong> fazer enten<strong>de</strong>r a mensagem, garantir que ela seja<br />

<strong>de</strong>vidamente assimilada, em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> qualquer preocupação estética e formal.<br />

Vejamos o que os sujeitos <strong>de</strong>ssa imprensa alternativa têm a dizer sobre essa questão:<br />

Andressa Rebonato – assessora <strong>de</strong> Comunicação do PT-ES, produz boletins informativos<br />

para vários movimentos sociais.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!