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Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

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entraves pelo caminho. Também não resistem muito os métodos que divi<strong>de</strong>m o mundo em<br />

poucos “emissores” e muitos “receptores”, <strong>de</strong> modo que estes são induzidos a uma homogeneida<strong>de</strong><br />

e uma massificação incomum. Da mesma forma, ficam comprometidas as soluções teóricas que<br />

encontram nas mediações <strong>de</strong> uma cultura particular os balizamentos para a construção <strong>de</strong> um saber-<br />

receber: receber e produzir informação <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser especialida<strong>de</strong>s distribuídas<br />

socialmente, tornando possível prever se não uma indiferenciação cultural, pelo me<strong>no</strong>s uma <strong>no</strong>va<br />

formatação das particularida<strong>de</strong>s, tornadas mais fluidas e precárias, mais flexíveis e com maior<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negociação, enlaçadas em valores me<strong>no</strong>s duradouros e me<strong>no</strong>s espacializados.<br />

No lugar do indiferenciado, como reconhecer a verda<strong>de</strong>?<br />

Como estabelecer laços <strong>de</strong> confiança? Como aferir a verda<strong>de</strong> da informação? As mídias, em<br />

especial o <strong>jornalismo</strong>, construíram um regime <strong>de</strong> veridicção baseado numa equação que tinha<br />

como fundamento a emancipação e a auto<strong>de</strong>terminação do homem, a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> opinião e<br />

informação, a segmentação <strong>de</strong> competências e o discurso científico da técnica. A verda<strong>de</strong> factual,<br />

impossível <strong>de</strong> ser testada, é apenas atestada por um sistema que se reveste <strong>de</strong> fé pública, mediante<br />

um jogo que mistura mercadoria, cidadania, informação, espetáculo. Num ambiente em que os<br />

sig<strong>no</strong>s que sustentam esta relação <strong>de</strong> confiança se tornam nebulosos, como criar <strong>no</strong>vos critérios <strong>de</strong><br />

confiabilida<strong>de</strong>?<br />

Do que se trata quando está em cena a confiança e como se estabelecem as tramas que dão<br />

suporte a este sentimento tão fundamental para a vida em comum? Confiar é um ato realizado<br />

numa relação com outro. Po<strong>de</strong> ser entendido como uma doação ao outro <strong>de</strong> algo que está por vir,<br />

algo que se mantêm em suspensão permanente sustentado por regras pactuadas mutuamente. O<br />

<strong>jornalismo</strong> recebe a competência <strong>de</strong> narrar fatos segundo regras tais como a relevância, a a<strong>de</strong>quação<br />

com o real e a neutralida<strong>de</strong>. O <strong>jornalismo</strong> traduz estes princípios em regras <strong>de</strong> discursivida<strong>de</strong><br />

próprias, que também recebem a concordância do outro. A confiança é fator fundamental para que<br />

sistemas extremamente caóticos consigam construir um fio <strong>de</strong> equilíbrio e, <strong>de</strong>sta forma, funcionar.<br />

Como sistema que tem na configuração do caos muito dos seus paradigmas, o ciberespaço<br />

credita à confiança muito do seu sucesso.<br />

Uma das <strong>no</strong>rmas silenciosas que se aninha neste pacto <strong>de</strong> confiança recita que a verda<strong>de</strong> é uma<br />

das regras para os que habitam este espaço <strong>de</strong> interação, comunicação e exibição. Tal requisito se

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