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Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

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Com efeito, o caminhar do negócio midiático, em conformida<strong>de</strong> com o caminhar dos tempos,<br />

conduziu-o para uma paulatina concentração dos meios – já anunciada, há muito, pelo<br />

clássico “Cidadão Kane”. À medida que o mundo foi progressivamente se capitalizando,<br />

convertendo-se ao capitalismo – e, por extensão, a seus (anti-)valores do consumo –, a comunicação<br />

foi transmutando-se em segmento econômico, <strong>de</strong>ixando para trás o romantismo <strong>de</strong> suas origens<br />

panfletárias; a informação, por sua vez, produto <strong>de</strong>ssa comunicação, foi adquirindo as feições<br />

<strong>de</strong> mercadoria e, em compasso com os avanços das tec<strong>no</strong>logias que lhe dão suporte, foi-lhe sendo<br />

atribuída importância econômica cada vez maior, a ponto <strong>de</strong> hoje ela ser compreendida como<br />

a mola-mestra <strong>de</strong>sse neo-capitalismo. Fala-se mesmo que a<strong>de</strong>ntramos um <strong>no</strong>vo ciclo do<br />

capitalismo, sucessor ao da energia, e que teria na informação o seu centro <strong>de</strong> irradiação.<br />

Assim sendo, o que vislumbramos hoje é um <strong>jornalismo</strong> concentrado <strong>no</strong>s gran<strong>de</strong>s<br />

conglomerados, o domínio das corporações <strong>de</strong> mídia, <strong>de</strong> modo que os jornais, vinculados<br />

organicamente a empresas dos mais diversos setores econômicos, constituem-se em nada mais que<br />

seus autênticos porta-vozes, canal que essas empresas utilizam para reproduzirem seu discurso,<br />

amparadas pela legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que o meio jornalístico <strong>de</strong>sfruta <strong>no</strong> espaço social.<br />

Po<strong>de</strong>mos falar, portanto, que informação hoje em dia é po<strong>de</strong>r: quem <strong>de</strong>tiver o controle sobre<br />

sua produção, terá, por extensão, o controle virtual da socieda<strong>de</strong>. Quem tiver o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

informar, terá, por extensão, po<strong>de</strong>r político. A disputa <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r não se dá mais <strong>no</strong>s campos <strong>de</strong><br />

guerra, mas <strong>no</strong> espaço virtual. Para além <strong>de</strong> uma disputa bélica, há, antes, uma disputa i<strong>de</strong>ológica,<br />

que não se trava <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> militar, mas <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> midiático, <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> simbólico da informação.<br />

E as empresas jornalísticas – e aqui particularmente suas ramificações <strong>no</strong> <strong>jornalismo</strong> impresso<br />

–, largamente instrumentalizadas, apresentam-se como um recurso estratégico para a produção <strong>de</strong><br />

subjetivida<strong>de</strong>s, ação sobre o imaginário coletivo, persuasão e convencimento, dada, em que pese a<br />

concorrência esmagadora exercida por mídias mais mo<strong>de</strong>rnas, a penetração consi<strong>de</strong>rável que ainda<br />

têm na socieda<strong>de</strong>. Há, então, a circulação <strong>de</strong> inúmeras versões, as quais, <strong>no</strong> entanto, dão conta <strong>de</strong><br />

uma só “verda<strong>de</strong>”<br />

– retomando Foucault: “Verda<strong>de</strong>s são discursos hegemônicos”.<br />

Dito isto, não obstante as boas intenções <strong>de</strong> alguns jornalistas ou até mesmo <strong>de</strong> alguns<br />

empresários, percebemos atualmente um <strong>jornalismo</strong> verticalizado, amplamente

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