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Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

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“O jornal <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u as posições da União Democrática Nacional (UDN) e, a partir <strong>de</strong> 1948,<br />

passou para um grupo que fazia parte do Partido Social Democrático (PSD). Então, <strong>de</strong> 1948<br />

até 1963, ele <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser oposição e passa a ser o porta-voz da situação, do PSD, que era o grupo<br />

<strong>de</strong> Carlos Lin<strong>de</strong>nberg,” explica a cientista política Marta Zorzal.<br />

Segundo dados fornecidos pela Re<strong>de</strong> Gazeta, a empresa, nessa época, estava instalada na Rua<br />

General Osório, nº 119, Centro <strong>de</strong> Vitória. Possuía duas máquinas li<strong>no</strong>tipos e uma impressora<br />

rotoplana Mag<strong>no</strong>ne. “No início, o jornal reproduzia muitas matérias do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Tinha<br />

colunas <strong>de</strong> críticas locais e uma parte <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate político <strong>de</strong> facções. O público leitor era bastante<br />

restrito e mais urba<strong>no</strong>. Nesse momento, a população do <strong>Espírito</strong> <strong>Santo</strong> era predominantemente<br />

rural, sendo que mais <strong>de</strong> 80% da população estava <strong>no</strong> campo. Vitória ainda era uma vila, com uma<br />

população <strong>de</strong> aproximadamente sete mil habitantes”, lembra Zorzal.<br />

A Gazeta não tinha gran<strong>de</strong> impacto na socieda<strong>de</strong>. O índice <strong>de</strong> analfabetismo <strong>no</strong> <strong>Espírito</strong> <strong>Santo</strong><br />

era altíssimo. Desse modo, quem consumia o jornal eram peque<strong>no</strong>s grupos. Marta<br />

Zorzal exemplifica esta informação com a campanha para eleição <strong>de</strong> governador do Estado, em<br />

1947: “Quem estava <strong>no</strong> jogo da disputa era Atílio Vivacqua, que era uma li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os <strong>a<strong>no</strong>s</strong><br />

20 e 30.<br />

Nesse momento, o jornal A Gazeta ainda pertencia à UDN e Vi- vacqua (representante <strong>de</strong>sse<br />

partido) vai apresentar todo seu discurso e propostas por meio do jornal. No outro lado da<br />

disputa, estava Carlos Lin<strong>de</strong>nberg (PSD). Lin<strong>de</strong>nberg vai fazer uma série <strong>de</strong> discursos em comícios<br />

pelo interior do Estado, prometendo acabar com todos os impostos. Seu discurso vai ter muito<br />

mais penetração do que o discurso bastante articulado, bastante racionalizado, pela liberda<strong>de</strong>, pelos<br />

valores <strong>de</strong>mocráticos, típicos do momento <strong>de</strong> abertura política, que o candidato Atílio<br />

Vivacqua estava fazendo e que quase não vai obter votos, pois o nível <strong>de</strong> penetração do jornal<br />

naquele momento era muito peque<strong>no</strong>”.<br />

Os <strong>a<strong>no</strong>s</strong> <strong>de</strong> 1960 ainda eram marcados pela vida <strong>no</strong> campo em terras capixabas. O Estado vivia<br />

uma queda da cafeicultura e entrava em um processo <strong>de</strong> profundo empobrecimento, porque quase<br />

99% da sua receita era <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong>sse setor. Esse quadro só mudaria na década <strong>de</strong> 70. O discurso <strong>de</strong><br />

que o <strong>Espírito</strong> <strong>Santo</strong> estava abandonado foi transmitido pelas páginas <strong>de</strong> A Gazeta.<br />

Também nesse período, o Brasil voltava a um regime ditatorial.

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