16.04.2013 Views

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

inadimplências que ultrapassavam os <strong>de</strong>z <strong>a<strong>no</strong>s</strong>. O jornal encerrou suas ativida<strong>de</strong>s sem o<br />

conhecimento dos jornalistas, o que gerou revolta.<br />

Gag<strong>no</strong> relata os últimos dias <strong>de</strong> O Diário: “No período em que dirigi o jornal, 64 famílias<br />

viviam <strong>de</strong>le. Mas a situação estava insustentável.<br />

Havia créditos, mas não se conseguia receber. Fechar o jornal com os funcionários <strong>de</strong>ntro seria<br />

impraticável. Então, eu fui lá e <strong>de</strong>ixei terminar a edição <strong>de</strong> domingo <strong>no</strong> sábado <strong>de</strong> ma- drugada. No<br />

domingo, eu lacrei o jornal e, na segunda, não <strong>de</strong>ixei que ninguém trabalhasse mais”.<br />

Estava encerrada, assim, a história <strong>de</strong> um veículo <strong>de</strong> comunicação sem igual na história do<br />

<strong>jornalismo</strong> capixaba. Nas palavras <strong>de</strong> Sandra Daniel, “um <strong>jornalismo</strong> rico em colunismo e seções<br />

<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s, arauto da efervescência cultural que marcou época.<br />

Nas palavras do fotógrafo Paulo Makoto, “os frutos da experiência, <strong>no</strong> entanto foram<br />

proveitosos, pois outras empresas colheram os profissionais jovens, mas bastantes amadurecidos”.<br />

Histórias <strong>de</strong> O Diário<br />

Quando compraram as máquinas e fundaram O Diário em 07 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1955, os pessedistas<br />

não tinham idéia do que estavam iniciando. A razão era <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os i<strong>de</strong>ais do PSD e fazer<br />

oposição ferrenha ao então governador Francisco Lacerda <strong>de</strong> Aguiar, o Chiquinho. Essa ação daria<br />

início a uma das histórias mais ricas do <strong>jornalismo</strong> capixaba, talvez a maior <strong>de</strong>las por sua<br />

singularida<strong>de</strong>.<br />

Em meio a tanta perseguição ao gover<strong>no</strong> <strong>de</strong> Chiquinho, foi criado o trocadilho “Odiário”, que<br />

se remete a odiar. A ligação entre jornais e grupos políticos nessa época se mostrava<br />

explícita, diferente do camuflado <strong>jornalismo</strong> contemporâneo. Quando abria o jornal, o leitor sabia a<br />

quem este pertencia, pois era evi<strong>de</strong>nte se era do gover<strong>no</strong> ou da oposição.<br />

Os anúncios eram raros <strong>no</strong>s jornais. Dessa forma, salvo alguns casos, só entrava dinheiro<br />

quando alguma personalida<strong>de</strong> queria atacar ou ser <strong>de</strong>fendida. Mantinham aquele veículo como<br />

arma para lutar nas eleições. Para os jornalistas, a atração era o salário pago pelos seus patrões. Mas<br />

nem sempre. A vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever e ser jornalista em O Diário ultrapassava a fronteira entre<br />

patrão e empregado. A prova é que, muitas vezes, os jornalistas permaneciam sem receber, quando

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!