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Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

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Des<strong>de</strong> seus primórdios, a ativida<strong>de</strong> jornalística sempre esteve vinculada à necessida<strong>de</strong> que o<br />

homem tem <strong>de</strong> saber, <strong>de</strong> vencer a ig<strong>no</strong>rância que afeta seu cotidia<strong>no</strong>. Ainda que existissem<br />

cientistas, navegadores ou astronautas para pesquisar e <strong>de</strong>scobrir as engrenagens do mundo, era<br />

preciso que houvesse também alguém que traduzisse tais relatos exóticos para a linguagem do senso<br />

comum e tivesse ainda a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tornar públicas tais reportagens.<br />

Reportar informações, contar uma história. Há quem diga que o jornalista realiza<br />

primordialmente duas ações: enten<strong>de</strong>r o fato e explicá-lo para as outras pessoas por intermédio <strong>de</strong><br />

um suporte (papel, TV, rádio, internet). E, nesse processo, o jornalista dispõe <strong>de</strong> certa auto<strong>no</strong>mia<br />

discursiva para elaborar a versão dos fatos, o que, para muitos, correspon<strong>de</strong> à verda<strong>de</strong> dos fatos.<br />

O senso comum é algo tão forte que jamais os jornalistas publicarão como fato afirmações que<br />

o contradigam. Por outro lado, é o <strong>jornalismo</strong> quem coleta <strong>no</strong>vos itens a serem integrados a<br />

esse conjunto <strong>de</strong> conhecimentos. Como? Através da mídia, on<strong>de</strong> estão incluídos todos os tipos <strong>de</strong><br />

manifestação cultural presentes <strong>no</strong> espaço público. É o que diz Pena (2005, p. 29): “A mídia<br />

assumiu a privilegiada condição <strong>de</strong> palco contemporâneo do <strong>de</strong>bate público. Na<br />

contemporaneida<strong>de</strong>, as representações substituem a própria realida<strong>de</strong>”.<br />

Para realizar essa tarefa <strong>de</strong> falar e produzir senso comum a partir <strong>de</strong> um mundo complexo, o<br />

jornalista é portador <strong>de</strong> uma autorida<strong>de</strong> cultural, um contrato tácito estabelecido com a socieda<strong>de</strong>.<br />

Tais profissionais formam uma verda<strong>de</strong>ira comunida<strong>de</strong> que compartilha <strong>no</strong>ções semelhantes<br />

acerca do funcionamento das relações socioeconômicas, culturais e políticas, produzindo versões<br />

socialmente aceitas acerca da vida e seus mais diversos acontecimentos.<br />

Conforme afirma Zelizer (1992, p. 11), “imprensados entre o público e o evento a ser <strong>de</strong>scrito,<br />

os repórteres são capazes <strong>de</strong> construir aquilo que lhes parece ser preferível e<br />

estrategicamente importante, graças à suposição <strong>de</strong> que eles dispõem <strong>de</strong> alguma autorida<strong>de</strong> acerca<br />

das matérias que narram”.<br />

Mas essa autorida<strong>de</strong> – que existe – não é insulada, resultando mesmo <strong>de</strong> uma constante<br />

negociação entre repórteres, empresários e consumidores <strong>de</strong> <strong>no</strong>tícia. O campo jornalístico é<br />

subordinado aos índices <strong>de</strong> audiência, ou, como <strong>de</strong>fine Bourdieu (1997), aos “veredictos do<br />

mercado”.

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