16.04.2013 Views

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ao Partido Social Democrata (PSD) e já havia cumprido dois mandatos à frente do Gover<strong>no</strong> do<br />

Estado (1947-50 e 1959-62). Em 1965, contudo, foi <strong>de</strong>clarado o Ato Institucional nº2, que<br />

previa, <strong>de</strong>ntre outros cerceamentos, a legalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apenas dois partidos políticos: a Aliança<br />

Re<strong>no</strong>vadora Nacional (Arena) e o Movimen- to Democrático Brasileiro (MDB). A Arena era o<br />

partido do Gover<strong>no</strong> e a ele se aliaram os partidos <strong>de</strong> direita (PSD, UDN); já o MDB era o único<br />

partido consentido <strong>de</strong> oposição ao regime. Por conseguinte, Lin<strong>de</strong>nberg a<strong>de</strong>riu ao grupo arenista e<br />

<strong>de</strong>u continuida<strong>de</strong> à sua trajetória política situacionista.<br />

Durante a ditadura militar, a imprensa nacional sofreu forte pressão e com A Gazeta não foi<br />

diferente. A censura estava em toda parte e se expressava em três estágios diversos. A<br />

primeira instância era proveniente dos órgãos <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> imprensa do Gover<strong>no</strong>, que emitiam<br />

bilhetes comunicando quais eram os assuntos que não po<strong>de</strong>riam constar <strong>no</strong>s <strong>no</strong>ticiários e<br />

páginas dos jornais do dia seguinte. Para esses bilhetes, foi <strong>de</strong>stinado, inclusive, um lugar <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>staque na redação, que ficava ainda <strong>no</strong> prédio A Gazeta, na Rua General Osório, Centro <strong>de</strong><br />

Vitória. Era um espaço em um mural <strong>de</strong> cortiça, <strong>de</strong>corado com uma tesoura aberta. Ali,<br />

penduravam-se as or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> censura e, às vezes, até matérias produzidas que não haviam<br />

“passado”. É consenso entre jornalistas da época que muitos daqueles bilhetes serviram também<br />

como propagadores <strong>de</strong> <strong>no</strong>tícias que não saíam na mídia.<br />

Era por ali que se ficava sabendo das atrocida<strong>de</strong>s do regime e das movimentações populares<br />

espalhadas pelo País. As informações, ainda que incompletas, eram levadas ao conhecimento <strong>de</strong><br />

movimentos sociais clan<strong>de</strong>sti<strong>no</strong>s.<br />

A segunda instância <strong>de</strong> censura era a dos editores dos jornais, que, mais que censurar os textos<br />

dos seus repórteres com o objetivo <strong>de</strong> oferecer apoio à ditadura, faziam-<strong>no</strong> por proteção pessoal.<br />

Por fim, a terceira instância partia do próprio jornalista, que, sabendo <strong>de</strong> todas as supervisões a<br />

que seria submetido, fazia uma autocensura e já preparava o texto sob medida para ser<br />

aprovado pelas instâncias anteriores.<br />

Mas, os jornalistas, em épocas <strong>de</strong> opressão, também usavam <strong>de</strong> mais criativida<strong>de</strong> em suas<br />

publicações para driblar o Gover<strong>no</strong>.<br />

Desse modo, por meio <strong>de</strong> metáforas e <strong>de</strong> colocações sutis, esses profissionais encontravam<br />

meios <strong>de</strong> enfrentar a censura. Quando era preciso eles se faziam <strong>de</strong> bobos. Certa vez, quando

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!