16.04.2013 Views

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

chegaram, alguém que estava escondido gritou: “Não <strong>de</strong>sce que morre”. Os carros <strong>de</strong>sceram a<br />

la<strong>de</strong>ira próxima a O Diário em alta velocida<strong>de</strong>. Até hoje, não se sabe quem gritou. O fato foi<br />

comemorado como uma vitória em campo <strong>de</strong> batalha. Não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser.<br />

O hábito <strong>de</strong> andar armado para se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r dos atentados era tão comum que são inúmeras as<br />

histórias a esse respeito. Paulo Bonates conta que um <strong>de</strong>legado chamado Barreto, que<br />

também trabalhava na redação <strong>de</strong> O Diário, levou uma bala <strong>de</strong> festim e <strong>de</strong>u um tiro <strong>de</strong>ntro da<br />

redação. Fernando Jakes Teubner, o Jakaré, caiu e gritou: “Tô ferido, tô ferido”. Estes e outros<br />

casos <strong>de</strong> tiros aci<strong>de</strong>ntais são lembrados por quem participou <strong>de</strong> O Diário.<br />

Outra área <strong>de</strong> bastante trabalho <strong>no</strong> jornal foi a <strong>de</strong> horóscopo.<br />

Jornalistas como Carmélia Maria <strong>de</strong> Souza e outros escreviam para ela. Nada <strong>de</strong> esotérico, e<br />

sim pura criativida<strong>de</strong>. Rogério Me<strong>de</strong>iros registrou que Edgard dos Anjos sempre exigia que o<br />

único carro da redação fosse levar o jornal na sua casa todos os dias, até que se <strong>de</strong>scobriu que era<br />

para sua empregada, que lia apenas o horóscopo e seguia à risca suas instruções. Daí então os<br />

jornalistas começaram a enviar mensagens diretas e <strong>no</strong>minais para a empregada. O “horóscopo”<br />

mandava pedir aumento, falando que o patrão era <strong>de</strong>sonesto com ela, para não obe<strong>de</strong>cê-lo e<br />

muito mais. Até que Edgard acabou com o horóscopo do jornal.<br />

Beber e fumar não se restringia aos botecos como o Britz Bar.<br />

Até mesmo <strong>de</strong>ntro dos jornais o hábito era freqüente. Segundo Paulo Maia, para acompanhar<br />

as biritas e o carteado, sempre caçavam um tira-gosto. O mais freqüente era carne <strong>de</strong> gato.<br />

Os feli<strong>no</strong>s eram atraídos com peque<strong>no</strong>s pedaços <strong>de</strong> carne e alguém os acertava com uma das peças<br />

da gráfica, mais especificamente com o brete da impressora, um ca<strong>no</strong> grosso <strong>de</strong> ferro. O<br />

preparo ficava por conta <strong>de</strong> Dequinha, outra figura folclórica do jornal, que cozinhava e pendurava<br />

a cabeça do bicho em um poste próximo à redação. Enquanto preparavam o jornal, serviam-se <strong>de</strong><br />

carne <strong>de</strong> gato. Certa vez, o governador Francisco Lacerda <strong>de</strong> Aguiar chegou justamente na hora que<br />

o bicha<strong>no</strong> era feito. Questio<strong>no</strong>u o que seria e falou que se o pessoal <strong>de</strong> O Diário comia gato, ele<br />

também comeria. Prepararam seu pratinho com pirão e ele se satisfez bebendo um vinho. Ao sair,<br />

brincou: “Eles pensam que me enganam. Vê se isso é gato...”. Foi então que alguém lhe apontou a<br />

cabeça do gato pendurada <strong>no</strong> poste.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!