16.04.2013 Views

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>de</strong>la, fofoqueira o tempo todo”, conta Milson Henriques, que fez algumas crônicas como<br />

colaborador para o jornal. Milson lembra também que ela mandava o jornal <strong>de</strong> graça para os<br />

escritórios, on<strong>de</strong> os funcionários o disputavam para ler fofocas dos patrões.<br />

Eram jocosamente mencionadas <strong>no</strong> “jornal <strong>de</strong> Maria Nilce”<br />

as roupas <strong>de</strong> mulheres e os casos amorosos <strong>de</strong> integrantes da alta socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vitória. “A<br />

socieda<strong>de</strong> capixaba era composta <strong>de</strong> ricos que vieram <strong>de</strong> baixo, muitos através <strong>de</strong><br />

enriquecimento ilícito. Então, eles não tinham o hábito <strong>de</strong> ser ricos. E, quando faziam festas ou<br />

eventos sociais, cometiam muitos erros, e Maria Nilce criticava isso. Essas pessoas foram ficando<br />

feridas e queriam acabar com o jornal para acabar com essas críticas. Além disso, havia esses<br />

elementos do crime organizado que ela criticava”, afirma Djalma Magalhães.<br />

Leitura obrigatória<br />

Na época, existiam A Gazeta, A Tribuna, O Diário e o Jornal da Cida<strong>de</strong>. O jornal era lido por<br />

toda a socieda<strong>de</strong> capixaba. Tinha uma gran<strong>de</strong> repercussão por causa da imprevisível coluna<br />

<strong>de</strong> Maria Nilce, que, aliás, tinha um público fiel. “Ela era da socie- da<strong>de</strong>, ia a todos os coquetéis e<br />

escrevia umas <strong>no</strong>tas picantes que a colocavam inclusive na berlinda <strong>de</strong> vez em quando”,<br />

afirma Tânia. Vendido nas bancas, o jornal também estava disponível em vários locais, como a<br />

Assembléia Legislativa, consultórios e outros pontos “importantes” da cida<strong>de</strong>. Os órgãos públicos e<br />

o aeroporto também recebiam.<br />

“O jornal era lido pelos inimigos <strong>de</strong>la – que liam para saber se ela havia falado mal <strong>de</strong>les – e<br />

pelos assinantes, que tinham <strong>de</strong> fazer assinatura por livre e espontânea pressão. A venda era<br />

muito pequena”, ironiza Zuleika. Ainda assim, sua tiragem era quase irrisória – até porque papel era<br />

um luxo caro para um jornal <strong>de</strong> parcos recursos. “Uns diziam que as pessoas assinavam o jornal por<br />

medo <strong>de</strong> a Maria Nilce atacar. Eu não sei. Porque ela tinha um bom relacionamento com todo<br />

mundo. E ela corria atrás”, contesta Moreira. Segundo ele, o <strong>no</strong>ticiário do jornal era a coluna <strong>de</strong><br />

Maria Nilce, com suas uma ou duas páginas diárias. Fora isso, só algum editorial do Djalma e a<br />

seção <strong>de</strong> Polícia. “Por causa da coluna, o jornal cresceu, mesmo ainda sendo peque<strong>no</strong>, e chegou a<br />

ser o segundo mais lido”, afirma Moreira.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!