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Impressões Capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

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não recebiam me<strong>no</strong>s do que era <strong>de</strong> direito. Estavam na redação pela vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> mostrar suas<br />

idéias impressas naquele papel, e O Diário apaixonava.<br />

A diferença entre o maior diário da Rua Sete e os concorrentes estava em sua organização.<br />

Enquanto <strong>no</strong>s outros as coisas funcionavam tranquilamente, em O Diário funcionavam na marra<br />

e na raça, em um trabalho realizado por amigos <strong>de</strong>ntro da redação.<br />

Tudo era pensado e realizado pelos jornalistas e isso o diferenciava.<br />

Pois aquela <strong>de</strong>sorganização, para eles, era sinônimo <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>.<br />

Este era o charme do jornal.<br />

Como nem sempre havia profissionais à disposição do jornal, alguém tinha que fazê-lo ir para<br />

as bancas <strong>no</strong> outro dia. Assim, formaram-se profissionais que sabiam <strong>de</strong> tudo <strong>de</strong>ntro da empresa.<br />

Muitas vezes, o repórter tinha que <strong>de</strong>scer até a gráfica para trabalhar como li<strong>no</strong>tipista, tituleiro,<br />

emendador e tantas outras funções que não existem mais nas redações. O profissional<br />

era praticamente forçado a passar por todas as áreas do jornal, tanto técnicas quanto <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

<strong>no</strong>tícia. Difícil era achar alguém que ainda não tinha escrito uma coluna dos mais variados<br />

assuntos, fotografado, editado e tudo o que mais fosse preciso fazer.<br />

E tal fato não era visto como dificulda<strong>de</strong>, mas como uma oportunida<strong>de</strong>.<br />

Dessa forma, O Diário se tor<strong>no</strong>u uma escola <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> profissionais do <strong>jornalismo</strong>, cuja<br />

maioria, posteriormente, rendia-se aos melhores salários e à segurança dos empregos <strong>no</strong>s veículos<br />

concorrentes.<br />

Transformar O Diário em escola do <strong>jornalismo</strong> capixaba foi realização dos próprios<br />

jornalistas. Apesar <strong>de</strong>, em um momento da década <strong>de</strong> 1970, publicar na primeira página o anúncio<br />

“Você quer ser jornalista?”, para <strong>de</strong>pois fazer uma seleção, O Diário sempre teve como<br />

característica formar bons jornalistas. A dinâ- mica do jornal parecia ser a seguinte: quem quer ser<br />

jornalista só precisa chegar até a redação e pegar a sua pauta. Segundo Pedro Maia, os pauteiros<br />

mandavam os “focas” para o Departamento Médico Legal, para o morro (favela), sempre locais<br />

ruins. Se eles gostassem iam continuando. Como a história mostrava, po<strong>de</strong>riam até virar diretores<br />

ou o que quer que almejassem. A oportunida<strong>de</strong> sempre era dada.<br />

A liberda<strong>de</strong> para errar era e<strong>no</strong>rme, e não havia burocracia <strong>no</strong> jornal. Isto fascinava alguns e<br />

assustava outros. Quando entrou na redação <strong>de</strong> O Diário, na segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong>

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