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programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

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2.5.1 O Estado Novo<br />

O período do Estado Novo (1937-1945) constitui-se no reflexo da radicalização e da<br />

consolidação do processo iniciado <strong>em</strong> 1930 e que trouxe no seu interior algumas modificações<br />

profundas, cuja intensida<strong>de</strong> foi sentida <strong>de</strong> formas diferentes nos grupos sociais e, mesmo, nas<br />

diversas regiões do país. A mo<strong>de</strong>rnização pretendida por Vargas foi sentida especialmente<br />

pelo papel assumido pelo municipalismo na conjuntura dos primeiros anos do regime<br />

estadonovista. Constatamos que houve um discurso oficial <strong>de</strong> valorização da esfera municipal<br />

por parte também dos principais órgãos <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> propaganda do Estado Novo 350 .<br />

O Jornal da Serra, no dia 19 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1937, sob a manchete intitulada “golpe <strong>de</strong><br />

vista”, tratou sobre a sucessão presi<strong>de</strong>ncial chamando a atenção para o momento da política<br />

do Brasil pouco menos <strong>de</strong> três meses do golpe <strong>de</strong>cretado por Getúlio Vargas. De acordo com<br />

o jornal:<br />

149<br />

Qu<strong>em</strong> observe, pondo-se <strong>em</strong> contato com as diversas camadas sociais, as<br />

reações provocadas pelo atual momento político brasileiro, concluirá que se<br />

renovou o velho estado <strong>de</strong> espírito do povo nos podromos das campanhas para<br />

a eleição <strong>de</strong> um presi<strong>de</strong>nte. Pela primeira vez na história <strong>de</strong> nossa República<br />

um clima verda<strong>de</strong>iramente <strong>de</strong>mocrático se forma como conseqüência das<br />

transformações operadas na consciência das massas e dos seus interpretes pela<br />

revolução <strong>de</strong> 30. Os antagonismos per<strong>de</strong>ram aquele aspecto agressivo e <strong>de</strong>selegante<br />

que tinha a sua orig<strong>em</strong> nas <strong>de</strong>formações impostas pelos <strong>de</strong>tentores do po<strong>de</strong>r aos mais<br />

explícitos e humanitários textos constitucionais. Ao povo diretamente se dirig<strong>em</strong> os<br />

candidatos, certos <strong>de</strong> que nada se oporá ao plebiscito mais vasto da nossa vida<br />

política, a mais consciente manifestação <strong>de</strong> preferências do nosso povo. Uma<br />

enquête que abrangesse todas as classes sociais do país, das mais humil<strong>de</strong>s as<br />

mais <strong>em</strong> evi<strong>de</strong>ncia, <strong>de</strong>monstraria que jamais a consciência do <strong>de</strong>stino da<br />

nacionalida<strong>de</strong> andou tão ligado à escolha <strong>de</strong> um Presi<strong>de</strong>nte como neste<br />

momento <strong>de</strong> absorvente preocupação política 351 . (grifos nosso).<br />

No texto do Jornal da Serra, o narrador encontra-se na função <strong>de</strong> noticiar o cotidiano,<br />

mas no discurso acima, a intenção é conclamar o povo para as eleições que estavam prestes a<br />

acontecer e, nesse sentido, as idéias <strong>de</strong> nação, povo, responsabilida<strong>de</strong> e classes sociais eram<br />

ressaltadas. A história reconhece <strong>em</strong> seu campo <strong>de</strong> pesquisa uma gama muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

test<strong>em</strong>unhos, entre eles o discurso proferido pelos jornais, que participam <strong>de</strong> uma das formas<br />

<strong>de</strong> discurso, como linguag<strong>em</strong> simbólica que reúne <strong>em</strong> si um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> representação, o qual<br />

350 COLUSSI, Eliane Lucia. Estado novo e municipalismo gaúcho. Passo Fundo: Ediupf, 1996. p. 72.<br />

351 JORNAL DA SERRA. Carazinho, n. 422, ano VII, 19 ago. 1937. p. 03.

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