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programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

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Dentre os autores que se <strong>de</strong>stacam como fontes norteadoras para a realização da<br />

análise discursiva 565 continuar<strong>em</strong>os nos pautando <strong>em</strong> Foucault, como já o fiz<strong>em</strong>os nos<br />

capítulos anteriores. Enten<strong>de</strong>mos que um dos períodos histórico-econômicos <strong>em</strong> que uma<br />

“certa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, segregação ou interdição”, <strong>em</strong> termos foucaultianos, para o<br />

exercício do controle <strong>de</strong> alguns discursos, mostrou-se visível, no período <strong>de</strong>signado como<br />

“nacionalista” (1937-1945), tendo Getúlio Vargas à frente. Foucault especifica, <strong>em</strong> a Or<strong>de</strong>m<br />

do discurso 566 , que o controle discursivo aparece mais <strong>em</strong> áreas como a política e a<br />

sexualida<strong>de</strong>.<br />

Em relação à política, po<strong>de</strong>mos afirmar que os períodos <strong>em</strong> que o controle e a<br />

interdição discursivos apareceram mais foram os da época da ditadura getulista, quando a<br />

inscrição do político na linguag<strong>em</strong> revelava a sua i<strong>de</strong>ologia, compondo uma via <strong>de</strong> acesso<br />

para que se possam estudar as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>em</strong> suas mais diversas manifestações. Para<br />

Foucault não existe um centro único do po<strong>de</strong>r, pois para ele o po<strong>de</strong>r se espalha por toda a<br />

topografia social. Ainda <strong>em</strong> Foucault, não há a negação da existência <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Estado,<br />

mas a par <strong>de</strong>sse exist<strong>em</strong> outros po<strong>de</strong>res, que po<strong>de</strong>m manifestar diferentes mecanismos <strong>de</strong><br />

interferência na vida das nações 567 .<br />

Valendo-nos da teorização <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r proposta por Foucault, somos levados a perceber<br />

que no período do Estado Novo getulista a forte presença da i<strong>de</strong>ologia <strong>de</strong> Estado se<br />

materializava nas práticas sociais e discursivas, como era o caso da exigência <strong>de</strong> que todos<br />

falass<strong>em</strong> a língua portuguesa, não a <strong>de</strong> sua pátria, no caso dos imigrantes italianos e al<strong>em</strong>ães.<br />

Além disso, a pulverização da política <strong>de</strong> nacionalismo buscava fortalecer as regiões e o po<strong>de</strong>r<br />

da língua pátria, porque, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que o país se beneficiava com o trabalho dos<br />

imigrantes, exigia, <strong>em</strong> nome do “nacionalismo”, que eles interditass<strong>em</strong> ou substituíss<strong>em</strong> sua<br />

língua. Assim, levando <strong>em</strong> conta a teoria do discurso <strong>em</strong> Foucault, “a língua é a nossa forma<br />

material <strong>de</strong> inscrição na história” 568 . E sendo a língua a forma como as pessoas se constitu<strong>em</strong><br />

sujeitos e objetos <strong>de</strong> uma relação, ela inscreve na m<strong>em</strong>ória as diferentes formas <strong>de</strong> ser,<br />

565 A ex<strong>em</strong>plo dos pressupostos teóricos <strong>de</strong> Michel Pêcheux, analisados por GREGOLIN, Maria do Rosário.<br />

Foucault e Pêcheux na construção da análise do discurso: diálogos e duelos. São Carlos: Clara Luiz, 2004. p.<br />

16.<br />

566 FOUCAULT, Michel. A or<strong>de</strong>m do discurso. Trad. <strong>de</strong> Laura Fraga Sampaio. São Paulo: Loyola, 1996. p. 9.<br />

567 GREGOLIN, Maria do Rosário. Foucault e Pêcheux na construção da análise do discurso: diálogos e duelos.<br />

São Carlos: Clara Luiz, 2004. p. 17.<br />

568 FOUCAULT, op. cit., p. 10.<br />

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