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programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

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futuro será o único autorizado a usar a força contra eles. Tal possibilida<strong>de</strong> abstrata adquire<br />

consistência histórica na teoria do Estado <strong>de</strong> Marx e <strong>de</strong> Engels, segundo a qual, numa<br />

socieda<strong>de</strong> dividida <strong>em</strong> classes antagônicas, as instituições políticas têm como função principal<br />

possibilitar que a classe dominante continue mantendo o seu domínio sobre os dominados.<br />

Weber assim <strong>de</strong>fine o Estado: “[...] uma <strong>em</strong>presa institucional <strong>de</strong> caráter político on<strong>de</strong><br />

o aparelho administrativo leva adiante, <strong>em</strong> certa medida e com êxito, a pretensão do<br />

monopólio <strong>de</strong> legítima coerção física, com vistas ao cumprimento das leis” 150 . Essa <strong>de</strong>finição<br />

se tornou quase que um lugar-comum da ciência política cont<strong>em</strong>porânea.<br />

De acordo com Powel e DiMaggio, o Estado é o único <strong>de</strong>tentor do monopólio do uso<br />

legítimo da força ou violência, pois a imposição feita por uma autorida<strong>de</strong> vista como legítima<br />

gera resistências, é mais estável e concretiza-se com mais rapi<strong>de</strong>z que a imposição feita<br />

unicamente pela força. No entanto, o Estado como uma <strong>em</strong>presa/entida<strong>de</strong> institucional t<strong>em</strong><br />

um po<strong>de</strong>r muito mais amplo, po<strong>de</strong>ndo influenciar o curso <strong>de</strong> toda uma socieda<strong>de</strong> pela<br />

imposição <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los cognitivos e normativos 151 .<br />

Embora a imposição <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> representação <strong>de</strong> normatização à socieda<strong>de</strong> exija<br />

que os dominantes pens<strong>em</strong> e ajam autoritariamente para que o <strong>em</strong>buste ganhe foros <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong>, o autoritarismo existe s<strong>em</strong>pre que houver representações e normas pelas quais os<br />

sujeitos sociais e políticos interpretaram suas relações. O po<strong>de</strong>r, fonte da autorida<strong>de</strong>, é o<br />

instrumento <strong>de</strong> que os dominantes se val<strong>em</strong> para a dominação através do aparelho do<br />

Estado 152 . Dentro <strong>de</strong>ssa abordag<strong>em</strong> optamos pelas consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Murilo <strong>de</strong> Carvalho para<br />

sustentar os posicionamentos sobre elites como grupos especiais, marcados por características<br />

que se distingu<strong>em</strong> das do conjunto da população ou <strong>de</strong> outros grupos <strong>de</strong> elites 153 . Conforme<br />

Bobbio, com base <strong>em</strong> Pareto e Mosca, a teoria das elites parte do pressuposto <strong>de</strong> que <strong>em</strong> toda<br />

socieda<strong>de</strong> existe uma classe 154 “superior” que <strong>de</strong>tém o po<strong>de</strong>r político e econômico,<br />

150<br />

WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1968. p. 32.<br />

151<br />

DIMAGGIO P.; POWEL, W. The new institutionalism in organizational analysis. Chicago: the University of<br />

Chicago Press, 1991.<br />

152<br />

BENJAMIN, Walter. Cultura do povo e autoritarismo das elites. In: CHAUÍ, Marilena <strong>de</strong> Souza. Cultura e<br />

<strong>de</strong>mocracia: o discurso competente e outras falas. São Paulo: Mo<strong>de</strong>rna, 1982. p.42-43.<br />

153<br />

CARVALHO, José Murilo <strong>de</strong>. A construção da or<strong>de</strong>m: a elite política imperial; teatro <strong>de</strong> sombras; a política<br />

imperial. 2. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: UFRJ; Relume-Dumará, 1996. p. 17.<br />

154<br />

Na acepção <strong>de</strong> Mosca, classe política é qu<strong>em</strong> constrói e mantém o domínio na medida <strong>em</strong> que suas<br />

habilida<strong>de</strong>s possuam algum sentido social, ou control<strong>em</strong> alguma força social como dinheiro, terra,<br />

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