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programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

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transcrito do jornal, <strong>em</strong> que a ação das elites fortalecia sobr<strong>em</strong>aneira o Estado e o regime, as<br />

representações <strong>de</strong>monstram que o Estado era benevolente e que somente ele po<strong>de</strong>ria guardar a<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da or<strong>de</strong>m constitucional ou promover a coerção. As elites carregavam no seu<br />

imaginário as idéias que objetivavam promover a transformação da socieda<strong>de</strong> com suas ações,<br />

cujo resultado <strong>de</strong>veria ser o fortalecimento do Estado e da figura <strong>de</strong> Vargas.<br />

No processo <strong>de</strong> industrialização <strong>regional</strong> <strong>de</strong>stacamos a importância ocupada pelas<br />

ma<strong>de</strong>ireiras, <strong>em</strong> razão <strong>de</strong> seu peso na economia dos municípios da região Norte do estado,<br />

iniciadas como serrarias no interior dos municípios, e envolvendo-se com ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

exportação. Assim, <strong>de</strong>monstramos a abrangência das formas <strong>de</strong> relacionamento dos<br />

ma<strong>de</strong>ireiros com os mecanismos do po<strong>de</strong>r, possibilitando-nos uma melhor compreensão das<br />

transformações sociais ocorridas. É a partir do estudo da produção ma<strong>de</strong>ireira nos seus<br />

diferentes ramos – extração, serrag<strong>em</strong>, exportação – que po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r a atuação e os<br />

interesses dos grupos sociais envolvidos, b<strong>em</strong> como a forma como se posicionavam <strong>em</strong><br />

relação ao po<strong>de</strong>r instituído e como se organizavam segundo as conveniências específicas 649 .<br />

Os ma<strong>de</strong>ireiros formaram na época uma “elite ma<strong>de</strong>ireira” que, conforme Pesavento,<br />

“sob uma capa <strong>de</strong> aparente neutralida<strong>de</strong> [...] s<strong>em</strong>pre correspon<strong>de</strong>u aos interesses dos<br />

<strong>de</strong>tentores do capital” 650 . Para tanto, basta acompanhar a trajetória do industrial ma<strong>de</strong>ireiro na<br />

socieda<strong>de</strong> civil por meio das notas jornalísticas dos meios <strong>de</strong> comunicação da época, para<br />

constatar que ele traçava alianças e composições no sist<strong>em</strong>a do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> modo a conseguir<br />

viabilizar seus interesses específicos. Para Gramsci, “a elite dos <strong>em</strong>presários <strong>de</strong>ve possuir a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral, <strong>em</strong> todo o seu complexo organismo <strong>de</strong><br />

serviços, inclusive no organismo estatal, <strong>em</strong> vista <strong>de</strong> criar as condições mais favoráveis à<br />

expansão da própria classe” 651 .<br />

Para um melhor entendimento da importância das ma<strong>de</strong>ireiras no contexto local,<br />

reproduzimos os dados do censo econômico <strong>de</strong> 1940, on<strong>de</strong> consta que, <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> 1060<br />

ma<strong>de</strong>ireiras instaladas no estado, <strong>em</strong>pregando 3614 operários, 296 estavam, operando na<br />

649<br />

WENTZ, Liliane Irmã Mattje. Os caminhos da ma<strong>de</strong>ira: região norte do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul 1902-1950. Passo<br />

Fundo, UPF, 2004. p. 12.<br />

650<br />

PESAVENTO, Sandra Jatahy. A burguesia gaúcha – dominação do capital e disciplina do trabalho – RS:<br />

1889-1930. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988. p. 106.<br />

651<br />

GRAMSCI, Antônio. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.<br />

p. 4.<br />

260

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