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programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

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Brasileira, <strong>de</strong> direita, e a Aliança Nacional Libertadora, <strong>de</strong> caráter esquerdista e posta na<br />

ilegalida<strong>de</strong> por Vargas <strong>em</strong> 1935. Em Carazinho o núcleo dos integralistas foi forte e atuante 119 ,<br />

ao passo que a ANL não conquistou espaço nesse município, pois não encontramos nenhum<br />

relato que pu<strong>de</strong>sse nos dar alguma pista <strong>de</strong> sua existência.<br />

Até a década <strong>de</strong> 1945, a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Carazinho não foi muito diferente do que ocorria<br />

<strong>em</strong> Passo Fundo, pois os nomes que pertenciam aos quadros políticos locais geralmente eram<br />

os mesmos que controlavam a economia do município, caracterizada por ativida<strong>de</strong>s<br />

comerciais, pequenas e gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s rurais, s<strong>em</strong> contar com indústrias <strong>de</strong> pequeno e<br />

médio porte. Na agricultura <strong>regional</strong> <strong>de</strong>stacava-se a lavoura tritícola, assim como a<br />

suinocultura 120 . Carazinho contou com uma especificida<strong>de</strong> no quadro da política, pois até 1945<br />

os partidos fortes que conduziam todos os <strong>em</strong>bates políticos eram o PRR, PRL e PL, os quais<br />

se mantinham fiéis aos seus lí<strong>de</strong>res, ou seja, Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, Getúlio Vargas, Flores da<br />

Cunha e Batista Luzardo, enquanto houvesse interesse com referência à sustentabilida<strong>de</strong><br />

econômica.<br />

Em 1945, quando os partidos políticos retornaram ao contexto nacional, Borges <strong>de</strong><br />

Me<strong>de</strong>iros (PRR) e Flores da Cunha (PRL) formaram a UDN e, com eles ocorreu a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong><br />

todos os seus antigos correligionários. Por sua vez Getúlio Vargas fundou dois novos<br />

119 Carazinho teve na sua história no período a primeira promotora do Ministério Público no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

possivelmente a primeira no Brasil, uma vez que, a<strong>pós</strong> a <strong>de</strong>missão da mesma, <strong>em</strong> 1942 (por ser mulher e judia,<br />

<strong>em</strong>bora o motivo alegado fosse “ser mulher casada”!) apenas na década <strong>de</strong> 70 o Ministério Público nomeou a<br />

segunda mulher- consi<strong>de</strong>rada por muitos na época como a primeira. No primeiro concurso público realizado pelo<br />

Ministério Público no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul Sophia Galanternick foi aprovada e nomeada promotora pública. Sua<br />

primeira e única comarca foi Carazinho, núcleo <strong>de</strong> integralistas e anti-judaicos; enfrentou inúmeras dificulda<strong>de</strong>s<br />

no exercício do cargo apesar <strong>de</strong> sua alta qualificação profissional e intelectual. As “causas” aparent<strong>em</strong>ente (isto<br />

é, não foram explicitadas como tal) não foram o fato <strong>de</strong> ser judia, mas,com certeza os três fatores: ser mulher<br />

numa região <strong>de</strong> domínio coronelista; ser judia numa região e numa comarca cercada <strong>de</strong> núcleos da AIB; e, na<br />

época, ser o Ministério Público estadual dirigido por um militante integralista com cargo na diretoria estadual da<br />

AIB, o procurador-geral Anor Buttler Maciel. Foi protagonista, como magistrada, <strong>de</strong> um dos casos mais<br />

rumorosos <strong>de</strong> processos criminais no RS: o caso Creso. Veja-se sobre o t<strong>em</strong>a seu <strong>de</strong>poimento autobiográfico<br />

concedido à historiadora do Projeto M<strong>em</strong>ória do Ministério Público no ano <strong>de</strong> 2001 publicado no livro Histórias<br />

<strong>de</strong> vida do Ministério Público do Rio Gran<strong>de</strong> do sul. Os alicerces da construção, volume <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> FÉLIX,<br />

Loiva Otero que a entrevistara. Ver também sobre o t<strong>em</strong>a: FÉLIX, Loiva Otero. O “crime do km. 350” e o “Caso<br />

Creso”: impunida<strong>de</strong> e clamor público. In: Anais do VI Encontro Estadual <strong>de</strong> História: ser historiador hoje.<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Passo Fundo. Passo Fundo. 2002; FÉLIX, Loiva Otero. Política, po<strong>de</strong>r e justiça: violência e<br />

criminalida<strong>de</strong> no Norte do Estado.” In: Passo Fundo, sua história: indígenas, caboclos, escravos, operários,<br />

latifúndios, expropriados, território. política. po<strong>de</strong>r, criminalida<strong>de</strong>, economia. produção, urbanização, socieda<strong>de</strong>,<br />

mídia impressa, censura, religiosida<strong>de</strong>, cultura, gauchismo, e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>; BATISTELLA, Alexandro (Org.).<br />

Passo Fundo: Méritos, 2007, e também o artigo <strong>de</strong> SILVEIRA, Daniela Oliveira. “O primeiro concurso para<br />

ingresso na carreira do Ministério Público do RS”. In: Anais do VI Encontro Estadual <strong>de</strong> História: ser<br />

historiador hoje – ANPUH. Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Passo Fundo. Passo Fundo. 2002.<br />

120 NOTICIOSO. Carazinho, n. 38, ano I, 25 <strong>de</strong>z. 1942. p. 03.<br />

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