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programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

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Nesse contexto, precisamos retomar alguns aspectos ligados à crise do café, iniciada<br />

<strong>em</strong> 1929, que <strong>de</strong>monstrou se refletir na economia do país como um todo, trazendo consigo<br />

resultados imprevisíveis. Segundo a concepção dos economistas da época, <strong>de</strong> um lado havia<br />

os liberais, que vaticinavam o fim da referida crise no final da década <strong>de</strong> 1930, e, <strong>de</strong> outro, os<br />

marxistas, <strong>de</strong>nunciando que esta se mantinha 584 .<br />

Para Fausto 585 , o setor cafeeiro, que havia sido enfraquecido pelo governo <strong>de</strong><br />

Washington Luis, encontrara <strong>em</strong> Getúlio Vargas o sustentáculo <strong>de</strong> que precisava, já que a<br />

burguesia do café, apesar <strong>de</strong> ter sido <strong>de</strong>rrubada do po<strong>de</strong>r, não <strong>de</strong>ixara <strong>de</strong> ter os interesses<br />

setoriais atendidos por este, pois o café continuava a ser o centro <strong>de</strong> referência da economia<br />

brasileira e representava 62,6% do valor das exportações <strong>em</strong> 1930. Nesse mesmo sentido,<br />

Levine 586 assinala que Vargas não titubeou “<strong>em</strong> aumentar a intervenção fe<strong>de</strong>ral e assim<br />

procurar resolver quando tal procedimento lhe parecia necessário”, ou seja, as ações <strong>de</strong><br />

Vargas vinham ao encontro dos interesses políticos e, para tanto, necessitava do apoio das<br />

elites.<br />

No Brasil, o setor que mais sofreu com essa crise foi, s<strong>em</strong> dúvida nenhuma, o da<br />

agricultura. A partir <strong>de</strong> 1931, o governo adotou medidas <strong>de</strong> proteção que visavam resolver<br />

momentaneamente o probl<strong>em</strong>a, a ex<strong>em</strong>plo das moratórias, da Lei <strong>de</strong> Usura; da compra e<br />

queima <strong>de</strong> café, da criação do Conselho Nacional do Café, que mais tar<strong>de</strong> iria se transformar<br />

no Departamento Nacional do Café. Essas medidas “resolveram” na ocasião a situação dos<br />

cafeicultores, mas a ocorrência <strong>de</strong> uma supersafra, além das necessida<strong>de</strong>s do mercado,<br />

<strong>de</strong>monstrou que as ações tomadas eram somente paliativas 587 .<br />

Assim é que a situação da crise cafeeira encontrou os produtores num dil<strong>em</strong>a: a<br />

produção, que se encontrava <strong>em</strong> altos níveis, teria <strong>de</strong> continuar crescendo, uma vez que eles<br />

continuavam expandindo as suas lavouras. A produção máxima <strong>de</strong> café teve seu apogeu no<br />

ano <strong>de</strong> 1933, fazendo com que o governo se obrigasse a trabalhar consi<strong>de</strong>rando três pontos<br />

básicos:<br />

584 CARONE, Edgard, O estado novo (1937-1945). 5. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Bertrand Brasil Ltda, 1988. p. 15.<br />

585 FAUSTO, Boris. A revolução <strong>de</strong> 30: historiografia e história. São Paulo: Brasiliense, 1975. p. 105.<br />

586 LEVINE, Robert M. O regime <strong>de</strong> Vargas: os anos críticos 1934-1938. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova Fronteira, 1970.<br />

p. 23.<br />

587 CARONE, op.cit., p. 15-16.<br />

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