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programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

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economia. A guerra funcionou como po<strong>de</strong>roso estímulo à industrialização, na medida <strong>em</strong> que,<br />

diante da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se importar<strong>em</strong> os produtos manufaturados que normalmente<br />

vinham do exterior, as indústrias já instaladas no país foram obrigadas a um esforço<br />

supl<strong>em</strong>entar a fim <strong>de</strong> abastecer o mercado interno 803 . Para D’Araujo, “o fundo i<strong>de</strong>ológico do<br />

mo<strong>de</strong>lo varguista tinha como pr<strong>em</strong>issa o <strong>de</strong>senvolvimento autônomo, que, por sua vez, geraria<br />

uma riqueza nacional sólida e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte” 804 .<br />

Na concepção <strong>de</strong> Vianna, os pontos básicos <strong>de</strong> um pensamento autoritário refer<strong>em</strong>-se<br />

à interpretação das crises institucionais brasileiras como uma separação entre as instituições<br />

políticas e as condições sociais materiais do país. Daí o porquê da existência <strong>de</strong> um Estado<br />

forte e intervencionista, particularmente diante da diferenciação social trazida <strong>em</strong> face da<br />

industrialização 805 .<br />

333<br />

Uma organização corporativa da socieda<strong>de</strong> é então, contratada à <strong>de</strong>mocracia, pelos<br />

autoritários, como solução para todo tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrios. Dentre estes últimos, a<br />

polarização entre forças locais e regionais e po<strong>de</strong>r centralizador é talvez o mais<br />

importante. Flutuações <strong>de</strong>sse tipo são vistas pelos intelectuais basicamente como<br />

resultado do funcionamento do mercado numa base liberal e, nesse sentido, os<br />

autoritários argumentaram que o fortalecimento do Estado está intimamente<br />

ligado à sua intervenção na vida econômica. Por um lado, o Estado seria o agente<br />

disciplinador do mercado e, por outro, atuaria como produtor <strong>em</strong> áreas on<strong>de</strong> a<br />

iniciativa privada fosse incapaz <strong>de</strong> entrar 806 . (grifos nosso).<br />

A participação das elites econômicas na condução dos negócios públicos pela criação<br />

<strong>de</strong> órgãos ou conselhos técnicos tinha a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> favorecer a expansão do capitalismo.<br />

Nesse sentido, era dada preferência às elites industriais <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento das elites rurais, por<br />

ser<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>radas politicamente mais capazes. Segundo Cerqueira, os valores da li<strong>de</strong>rança<br />

industrial nessa época convergiam para a mesma escala <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s básicas. Inicialmente,<br />

os <strong>em</strong>presários associavam os interesses da indústria aos da nação (um fato que, no contexto<br />

da competição com as forças agrárias, toma um significado especial); o crescimento, <strong>de</strong>ssa<br />

forma, passa a ser medido pela “gran<strong>de</strong>za da nação”. Num segundo momento, a idéia <strong>de</strong> elite<br />

<strong>em</strong>presarial <strong>de</strong> renovação econômica por meio da industrialização estava relacionada a uma<br />

803<br />

D’ARAUJO, Maria Celina. As instituições da Era Vargas. Rio <strong>de</strong> Janeiro: EDUERJ, 1999. p. 120.<br />

804<br />

Ibid., p. 11.<br />

805<br />

VIANNA, Oliveira F. Probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> política objetiva. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Record, 1974. In: BOSCHI, Renato<br />

Raul. Elites industriais e <strong>de</strong>mocracia: heg<strong>em</strong>onia burguesa e mudança política e social no Brasil. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

Edições Graal, 1979. p. 69.<br />

806<br />

BOSCHI, Renato Raul. Elites industriais e <strong>de</strong>mocracia: heg<strong>em</strong>onia burguesa e mudança política e social no<br />

Brasil. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Edições Graal, 1979. p. 69.

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