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programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

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locais. Revelava-se um projeto ultrapassado e <strong>de</strong> difícil execução, <strong>em</strong> razão da complexida<strong>de</strong><br />

real dos interesses e da tessitura social.<br />

Todos se viam obrigados a apoiar, por razões <strong>de</strong> sobrevivência, um estatismo que já<br />

não conseguia compatibilizar a<strong>de</strong>quadamente o conjunto <strong>de</strong> interesses. Contudo, o controle<br />

factual do aparelho estatal <strong>de</strong>monstraria ser mais po<strong>de</strong>roso do que se imaginava. O governo<br />

central, esvaziando parcialmente os po<strong>de</strong>res locais, construía novos mecanismos centralizados<br />

<strong>de</strong> dominação e consolidação <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong>s.<br />

Foi o Estado Novo que rearticulou, finalmente, e <strong>em</strong> novas bases, o velho pacto <strong>de</strong><br />

dominação, pelo qual se reafirmaram interesses díspares e heterogêneos, com direitos<br />

adquiridos à custa <strong>de</strong> uma valorização, <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> medida, especulativa e meramente<br />

financeira ou mercantil. Os eventos <strong>de</strong> 1930 e o Estado Novo foram, <strong>de</strong> fato, conservadores;<br />

logo, muito menos mo<strong>de</strong>rnizantes do que se acredita. Somente na década <strong>de</strong> 1950 é que o<br />

Estado, finalmente, buscaria <strong>de</strong> forma efetiva por meio <strong>de</strong> caminhos heterodoxos,<br />

mecanismos financeiros capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocar os recursos necessários ao avanço da<br />

industrialização pesada. De acordo com Fausto,<br />

o Estado Novo procurou reformular a administração pública, transformando-a <strong>em</strong><br />

um agente <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização. Buscou-se criar uma elite burocrática, <strong>de</strong>svinculada da<br />

política partidária e que se i<strong>de</strong>ntificasse com os princípios do regime. Devotada<br />

apenas aos interesses nacionais, essa elite <strong>de</strong>veria introduzir critérios <strong>de</strong> eficiência,<br />

economia e racionalida<strong>de</strong> 74 .<br />

Entre 1930 e 1937 iniciou-se uma nova etapa econômica e política da história<br />

brasileira, caracterizada por um continuado movimento <strong>de</strong> centralização do po<strong>de</strong>r, no sentido<br />

da instância central do Estado, que teve como contrapartida o esvaziamento dos estados<br />

fe<strong>de</strong>rados e do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> seus governadores. Nesse sentido, para Schwartzman, a Revolução <strong>de</strong><br />

1930 foi, s<strong>em</strong> sombra <strong>de</strong> dúvidas, um <strong>de</strong>cisivo marco da passag<strong>em</strong> do período <strong>de</strong> maior<br />

<strong>de</strong>scentralização política para o período <strong>de</strong> maior concentração política da história brasileira e<br />

teve seu início no Estado Novo 75 .<br />

74 FAUSTO, Boris. História do Brasil. 4. ed. São Paulo: Edusp/FDE, 1996. p. 378.<br />

75 SCHWARTZMAN, Simon. A revolução <strong>de</strong> 30 e o probl<strong>em</strong>a <strong>regional</strong>. Sim<strong>pós</strong>io sobre a revolução <strong>de</strong> 30.<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Porto Alegre: Erus, 1983. p. 369.<br />

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