18.04.2013 Views

programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

com raras exceções 371 .<br />

No parágrafo acima citado pelo Noticioso fica evi<strong>de</strong>nte a idéia da circularida<strong>de</strong>, pois o<br />

caráter relacional do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>veria ser estabelecido <strong>em</strong> todos os níveis da estrutura social,<br />

<strong>de</strong>finido não como proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> algo ou alguém, ou ainda localizado nas mãos<br />

exclusivamente <strong>de</strong> alguns, mas com uma relação <strong>em</strong> corrente, experimentada no mundo<br />

social, conjugando, no mínimo, dois lados, “os brasileiros” e o “governo Getúlio Vargas”.<br />

Com referência à noção <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, buscamos compreen<strong>de</strong>r a função dos sist<strong>em</strong>as<br />

simbólicos como instrumento <strong>de</strong> lutas políticas, recursos esses que cumpr<strong>em</strong> seu papel<br />

político como meios <strong>de</strong> “imposição ou <strong>de</strong> legitimação da dominação” 372 . Bourdieu nomeia<br />

po<strong>de</strong>r simbólico ou o po<strong>de</strong>r do simbolismo como “um po<strong>de</strong>r que existe porque aquele que lhe<br />

está sujeito crê que ele existe” 373 .<br />

O relato do jornal Noticioso salientava que, <strong>em</strong> nome da manutenção do po<strong>de</strong>r, os<br />

representantes da elite dominante mostravam-se amáveis, prometendo benesses para os que<br />

assim o exigiam, <strong>em</strong> nome do apoio <strong>de</strong> que precisavam. Contudo, a partir do momento <strong>em</strong><br />

que se sentiam seguros <strong>de</strong> suas conquistas, esqueciam-se totalmente <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> os apoiara,<br />

argumentando que não dispunham <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po para “divisar, nas planícies <strong>de</strong>soladas”, os<br />

companheiros que haviam servido <strong>de</strong> <strong>de</strong>graus para que subiss<strong>em</strong> às alturas on<strong>de</strong> se achavam.<br />

E quando qualquer correligionário com incontestáveis serviços prestados ao partido, <strong>em</strong><br />

momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero, procurava cercar-se dos potentados para solicitar um <strong>em</strong>prego que o<br />

amparasse, ou um auxílio que o tirasse da miséria, era repelido como inoportuno e<br />

in<strong>de</strong>sejável 374 .<br />

Prosseguindo na análise do mesmo jornal encontramos um ditado popular que<br />

comprova como eram tratados os interesses políticos da época: “doa a qu<strong>em</strong> doer”. Assim é<br />

que eram justificados casos isolados <strong>de</strong> proteção aos companheiros <strong>de</strong> partido, b<strong>em</strong> como <strong>de</strong><br />

perseguição aos <strong>de</strong>safetos. O Estado Novo, pondo fim às competições político-partidárias,<br />

371 NOTICIOSO. Carazinho, n. 22, ano I, 22 ago. 1942. p. 04.<br />

372 BOURDIEU, op. cit. p.11.<br />

373 BOURDIEU, Pierre. O po<strong>de</strong>r simbólico. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. p. 166.<br />

374 NOTICIOSO. Carazinho, n. 22, ano I, 22 ago. 1942. p. 04.<br />

155

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!