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programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

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epresentação visual. Assim relata Capelato:<br />

166<br />

Muito significativo é o cartaz on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senha o mapa do Brasil, colorido <strong>de</strong> ver<strong>de</strong>, e<br />

no centro, a ban<strong>de</strong>ira brasileira com a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Vargas <strong>de</strong>senhada na esfera azul;<br />

ao lado, estão os dizeres “Fortes e unidos, os brasileiros do Estado Novo são guiados<br />

pela gran<strong>de</strong> Trinda<strong>de</strong> Nacional: Nossa Pátria, Nossa Ban<strong>de</strong>ira, Nosso Chefe”. A<br />

referência à simbologia cristã da Santíssima Trinda<strong>de</strong> é clara: a sacralização dos<br />

símbolos garante maior força à imag<strong>em</strong> 406 .<br />

Registramos também que a imprensa situacionista tinha o intento <strong>de</strong> reacen<strong>de</strong>r no<br />

espírito do povo intenções da elite política, ou seja, intenções <strong>de</strong> submeter o povo à<br />

obediência do novo regime. Criou-se, portanto, a necessida<strong>de</strong> do mito político, que, para Félix<br />

“<strong>de</strong>veria ser constant<strong>em</strong>ente repetido enquanto forma <strong>de</strong> dizer algo”. Para Pierre Ansart,<br />

toda a socieda<strong>de</strong> cria um conjunto coor<strong>de</strong>nado <strong>de</strong> representações, um imaginário<br />

através do qual ela se reproduz e que <strong>de</strong>signa <strong>em</strong> particular o grupo a ele próprio,<br />

distribui i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e papéis, expressa as necessida<strong>de</strong>s coletivas e os fins a alcançar.<br />

Tanto as socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas como as socieda<strong>de</strong>s s<strong>em</strong> escrita produz<strong>em</strong> estes<br />

imaginários sociais, esses sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> representações, através dos quais se<br />

auto<strong>de</strong>signam, fixam simbolicamente suas normas e seus valores. 407<br />

Na com<strong>em</strong>oração da passag<strong>em</strong> do primeiro aniversário do Estado Novo, O Nacional<br />

divulgou na primeira página uma entrevista <strong>de</strong> Vargas, na qual ele se referira ao Estado Novo<br />

da seguinte forma:<br />

O sr. Getúlio Vargas conce<strong>de</strong>u uma entrevista coletiva. Rio, 11 (N)- O sr. Getúlio<br />

Vargas com<strong>em</strong>orando a passag<strong>em</strong> do primeiro aniversário do novo regime,<br />

conce<strong>de</strong>u uma entrevista coletiva aos jornalistas, falando longamente sobre o<br />

momento nacional, passando <strong>em</strong> revista os aspectos políticos, econômicos e<br />

financeiro do País, durante o ano governamental que passou sob o novo regime.<br />

Expôs o plano qüinqüenal elaborado, o qual <strong>de</strong>verá ser aprovado <strong>em</strong> janeiro<br />

próximo por uma conferência nacional <strong>de</strong> interventores 408 . (grifos nosso).<br />

O discurso do jornal pretendia <strong>de</strong>monstrar que a elite representada por Vargas e pelos<br />

interventores mantinha uma posição <strong>de</strong>finida perante as questões políticas e econômicas, mas<br />

também buscava manter o po<strong>de</strong>r e consolidar seus interesses, tanto se utilizando da força<br />

406<br />

CAPELATO, Maria Helena Rolim. Multidões <strong>em</strong> cena: propaganda política no varguismo e no peronismo.<br />

São Paulo: Papirus, 1998. p. 48.<br />

407<br />

ANSART, Pierre. I<strong>de</strong>ologias, conflictos y po<strong>de</strong>r. Apud: FÉLIX, Loiva Otero. A fabricação do carisma: a<br />

construção mítico-heróica na m<strong>em</strong>ória republicana gaúcha. In: FÉLIX, Loiva Otero ; ELMIR, Cláudio P.<br />

(Orgs.). Mitos e heróis: construção <strong>de</strong> imaginários. Porto Alegre: ed. Universida<strong>de</strong>/ UFRGS. 1998. p. 145.<br />

408<br />

O NACIONAL. Passo Fundo, n. 3146, ano XIII, 11 nov. 1938. p.1.

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