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programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

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O termo “elites” po<strong>de</strong> ser conceituado como um conjunto <strong>de</strong> atributos que, segundo<br />

Michels, “são as qualida<strong>de</strong>s as quais certos indivíduos consegu<strong>em</strong> submeter às massas a seu<br />

po<strong>de</strong>r”, como, por ex<strong>em</strong>plo, o status <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, cuja legitimida<strong>de</strong> provém da<br />

compl<strong>em</strong>entarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua expressão profissional, social e cultural 161 .<br />

O elitismo foi uma teoria que ficou conhecida por firmar-se como uma crítica às idéias<br />

<strong>de</strong>mocráticas e socialistas que se difundiam a partir do século XIX. De acordo com Gaetano<br />

Mosca e Vilfredo Pareto 162 , <strong>em</strong> qualquer socieda<strong>de</strong>, grupo, época ou lugar, havia s<strong>em</strong>pre uma<br />

minoria, uma elite, que, por seus dons, sua competência e seus recursos, <strong>de</strong>stacava- se e<br />

<strong>de</strong>tinha o po<strong>de</strong>r, dirigindo a maioria. O elitismo visa <strong>de</strong>monstrar que <strong>em</strong> qualquer sist<strong>em</strong>a<br />

político, mesmo <strong>de</strong>mocrático, a direção s<strong>em</strong>pre é concentrada nas mãos da minoria.<br />

É interessante registrar que, para as elites, o brasileiro não t<strong>em</strong> história, pois aportou<br />

no país o português, seu ancestral, tangido para o exílio, enfrentando na colonização índios<br />

rudimentares. Assim, <strong>de</strong>ssa sucessão <strong>de</strong> <strong>de</strong>sencontros originou-se uma civilização que carrega<br />

as marcas da sua má gênese. Nessa concepção, o que fica é a forma como age o elitismo no<br />

contexto, tendo <strong>em</strong> vista que <strong>de</strong>spreza fatos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância, relatados por Almeida:<br />

[...] os que marcaram o século XX no país: o heroísmo dos 18 do Forte <strong>de</strong><br />

Copacabana, a longa marcha da Coluna Prestes, a Revolução <strong>de</strong> 1930, a resistência<br />

bravia <strong>de</strong> algumas centenas <strong>de</strong> heróis trucidados pelo militarismo nos porões dos<br />

quartéis e nas florestas do Araguais; silencia sobre os feitos heróicos do brasileiro<br />

que atravessou décadas <strong>de</strong> ditaduras – a do Estado Novo e a militar <strong>de</strong> 1964, s<strong>em</strong><br />

uma palavra contra os truculentos e bárbaros ditadores, <strong>de</strong> Vargas a Figueiredo. Por<br />

outro lado, uma profusão <strong>de</strong> obras literárias exaltando o po<strong>de</strong>r dos seus sátrapas foi<br />

editada e elaborada numa literatice <strong>de</strong> futilida<strong>de</strong>s. O conceito <strong>de</strong> visão <strong>de</strong> mundo e<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia é hoje situado como um capítulo das ciências sociais, <strong>de</strong> alta<br />

importância 163 .<br />

Por conseqüência disso, num universo complexo, a socieda<strong>de</strong> brasileira t<strong>em</strong> no seu<br />

comando elites egoístas e inteligentes. É difícil situar um processo <strong>de</strong> ligação entre indivíduos<br />

e grupos sociais para po<strong>de</strong>r então, se formar uma consciência da realida<strong>de</strong>. Sobre isso<br />

po<strong>de</strong>mos dizer que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os séculos da colonização até os dias <strong>de</strong> hoje, existe um entrelaçar<br />

<strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s que coli<strong>de</strong>m. Esses <strong>em</strong>bates são fruto criativo <strong>de</strong> classes sociais e, <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns que<br />

161 MICHELS, Robert. Os partidos políticos. São Paulo: Senzala, [s.d.], p. 96.<br />

162 GRYNSPAN, Mario. Ciência, política e trajetórias sociais: uma sociologia histórica da teoria das elites. Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1999. p. 11.<br />

163 ALMEIDA, Agassiz. A república das elites: ensaio sobre a i<strong>de</strong>ologia das elites e do intelectualismo. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. p. 32.<br />

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