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programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

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pois por meio <strong>de</strong> cinejornais 38 e documentários eram registradas e divulgadas as realizações<br />

governamentais. Dessa forma, o estímulo dado às produções <strong>de</strong>veria cont<strong>em</strong>plar valores<br />

consi<strong>de</strong>rados a<strong>de</strong>quados. A mo<strong>de</strong>rnização teatral teve como finalida<strong>de</strong> a consagração pública<br />

<strong>de</strong> Vargas, mascarando a imag<strong>em</strong> do regime e os efeitos das suas alianças passadas com o<br />

fascismo. Para tanto, <strong>em</strong> meio à onda <strong>de</strong> re<strong>de</strong>mocratização, perceb<strong>em</strong>os a mão experiente do<br />

Departamento <strong>de</strong> Imprensa e Propaganda, que promoveu e estimulou a propaganda<br />

governamental pela via do teatro 39 .<br />

Segundo Capelato, a propaganda política, ao se valer <strong>de</strong>sse imaginário coletivo, t<strong>em</strong><br />

um importante papel <strong>de</strong> persuasão, atuando sobre os sentimentos, individuais e coletivos,<br />

provocando reações, dissimulando as diferenças e facilitando a manipulação. Assim,<br />

constatamos que a propaganda <strong>de</strong>tém uma importância estratégica no exercício do po<strong>de</strong>r, b<strong>em</strong><br />

como no ocultamento <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> divisões e conflitos sociais, permitindo a manipulação<br />

diante da aparente unida<strong>de</strong> 40 .<br />

Capelato salienta o po<strong>de</strong>r da propaganda política <strong>em</strong> qualquer regime, por ser uma<br />

estratégia capaz <strong>de</strong> mantê-lo, porém <strong>em</strong> regimes <strong>de</strong> tendência totalitária adquire uma força<br />

maior, visto que o Estado monopoliza os meios <strong>de</strong> comunicação, exercendo censura rigorosa<br />

sobre o conjunto das informações veiculadas. Conjugando, assim, o monopólio da força física<br />

com a simbólica, suprime dos imaginários sociais toda representação <strong>de</strong> passado, presente e<br />

38 Ver BUGATTI, Flaviano Isolan. Das páginas à tela: cin<strong>em</strong>a al<strong>em</strong>ão e imprensa na década <strong>de</strong> 1930 (Porto<br />

Alegre e Santa Cruz do Sul). Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2006. Em livro resultante <strong>de</strong> dissertação <strong>de</strong> mestrado<br />

<strong>de</strong>fendida <strong>em</strong> História Comparada na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> janeiro, sob orientação do Prof. Dr<br />

Francisco Carlos Teixeira da Silva, o autor realiza pesquisa sobre a recepção do cin<strong>em</strong>a nazista no Brasil,<br />

tomando como focos centrais <strong>de</strong> análise os municípios <strong>de</strong> Porto Alegre, capital do estado, e Santa Cruz do Sul ,<br />

município <strong>de</strong> colonização al<strong>em</strong>ã, <strong>de</strong> tradições jornalísticas e cin<strong>em</strong>atográficas na época fort<strong>em</strong>ente ligadas ao<br />

germanismo. Em consistente e interessante análise Isolan nos mostra a importância do cin<strong>em</strong>a e dos telejornais<br />

na difusão do germanismo, dos valores associados ao nazismo, as disputas i<strong>de</strong>ológicas sobre os filmes <strong>em</strong> cartaz<br />

envolvendo veículos jornalísticos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> penetração estadual, como o Correio do Povo, A Fe<strong>de</strong>ração e o<br />

Diário <strong>de</strong> Notícias e nomes reconhecidos nos meios intelectuais como os <strong>de</strong> Othelo Rosa, Cyrino Prunes e<br />

Alexandre Alcaraz (esse diretor do Correio do Povo a qu<strong>em</strong> o jornal A Fe<strong>de</strong>ração chegou a referir-se como<br />

“miserável jornaleiro fantasiado <strong>de</strong> moralista.” (p. 98) entre outros (veja-se sobre o t<strong>em</strong>a o it<strong>em</strong> 2.2.2.1. Correio<br />

do Povo, moral e censura, da p. 95 a 101). O autor <strong>de</strong>monstra, através da pesquisa, como “um estudo baseado na<br />

imprensa como recepção <strong>de</strong> uma produção cin<strong>em</strong>atográfica <strong>em</strong> um <strong>de</strong>terminado período permite ver como era a<br />

mentalida<strong>de</strong> política e também psico-social, visto que um filme é penetrado pela abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> zonas sóciopsicológicas<br />

<strong>de</strong> uma época ou socieda<strong>de</strong> e tinha seus anseios e ilusões realizadas nos filmes al<strong>em</strong>ães daquela<br />

época”. p. 168.<br />

39 PEREIRA, Victor Hugo Adler. Os intelectuais, o mercado e o Estado na mo<strong>de</strong>rnização do teatro brasileiro. In:<br />

BOMENY, Helena. Constelação Capan<strong>em</strong>a: intelectuais e políticas (Org.). Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora FGV, 2001.<br />

p. 61-63.<br />

40 CAPELATO, Maria Helena Rolim. Multidões <strong>em</strong> cena: propaganda política no varguismo e no peronismo.<br />

São Paulo: Papirus, 1998. p. 63-97.<br />

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