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programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

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<strong>de</strong> permitir captar as aspirações e <strong>de</strong>cepções que envolveram as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r no período,<br />

b<strong>em</strong> como influenciaram a opinião pública, apresentando-se quase como um termômetro das<br />

particularida<strong>de</strong>s da política local.<br />

Enfatizamos que a imprensa é uma produtora consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> informações que<br />

esclarec<strong>em</strong> as atitu<strong>de</strong>s e os comportamentos ao noticiar reuniões políticas, número <strong>de</strong><br />

participantes, relatos <strong>de</strong> manifestações e <strong>de</strong> movimentos grevistas, ou ao citar apenas<br />

informações simples e diretas sobre os fatos. Constituíu-se, pois, num test<strong>em</strong>unho <strong>de</strong> época,<br />

escrito, <strong>em</strong> geral, no momento do acontecimento. Reforçando nosso posicionamento, frisamos<br />

que a imprensa colabora com o pesquisador por ser um veículo <strong>de</strong> propaganda e porta-voz <strong>de</strong><br />

partidos, além <strong>de</strong> formadora <strong>de</strong> opinião <strong>em</strong> massa. Nesse sentido, os jornais foram um meio<br />

<strong>de</strong> comunicação utilizada no período <strong>em</strong> estudo, assim como o são atualmente.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a amplitu<strong>de</strong>, a importância das fontes jornalísticas e a atuação do<br />

historiador e do jornalista, cabe-nos aqui caracterizar e i<strong>de</strong>ntificar a visão do jornalismo e da<br />

história, expressão verbalizada <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>limitando suas diferenças. A intenção do<br />

apreendida unicamente como porta-voz do social. Segundo Christa Berger, “ela faz o social existir,<br />

publicizando-o através da visibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um real”. O discurso jornalístico, nesse sentido, é responsável pela<br />

construção <strong>de</strong> uma “verda<strong>de</strong>” que acabará sendo compartilhada e tornar-se-á a versão dos fatos para uma<br />

<strong>de</strong>terminada comunida<strong>de</strong>. O fato, que seria possuidor <strong>de</strong> uma inteligibilida<strong>de</strong> intrínseca, apresentar-se-ia nas<br />

manchetes <strong>de</strong> jornais imediatamente como história. Essa “verda<strong>de</strong>” correspon<strong>de</strong> ao chamado senso comum, que<br />

possui, entre outras, a característica <strong>de</strong> ser um conhecimento pré-científico, intuitivo e, portanto, apenas<br />

superficial da realida<strong>de</strong>. É apresentado como fruto <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> construção, que, todavia, não é autoconsciente.<br />

Este conhecimento acaba sendo apenas do “aparente”, ainda que se pretenda uma transcrição<br />

fi<strong>de</strong>digna da realida<strong>de</strong>. Em verda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>r-se-ia falar, antes mesmo da elaboração <strong>de</strong> um “conhecimento vulgar”,<br />

da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> informações que permit<strong>em</strong> ao senso comum o “saber reconhecer”. Essas<br />

informações <strong>de</strong> que dispõe o senso comum a fim <strong>de</strong> reconhecer um <strong>de</strong>terminado fato passam por uma elaboração<br />

(mesmo que inconsciente como já <strong>de</strong>stacado) que é fruto <strong>de</strong> um processo marcado, <strong>de</strong> forma bastante evi<strong>de</strong>nte,<br />

por <strong>de</strong>terminantes i<strong>de</strong>ológicas. Cabe ao discurso científico romper com este conhecimento aparente, com o<br />

simples reconhecimento <strong>de</strong> um fato social, com esta simplificação do complexo. Um primeiro el<strong>em</strong>ento<br />

diferenciador entre o discurso do senso comum e o discurso científico é, precisamente, a consciência que o<br />

segundo possui do processo que permite a sua elaboração e as limitações advindas do mesmo. O historiador<br />

reconhece os limites do seu trabalho, não preten<strong>de</strong>ndo que seu discurso corresponda a uma verda<strong>de</strong> absoluta,<br />

antes sim, seja uma interpretação da realida<strong>de</strong> que é perpassada - como não podia <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser - por el<strong>em</strong>entos<br />

subjetivos e ficcionais. O historiador t<strong>em</strong> consciência <strong>de</strong> que o seu trabalho representa, antes <strong>de</strong> qualquer coisa,<br />

as inquietações do seu próprio t<strong>em</strong>po, carregado, portanto, <strong>de</strong> marcas das experiências <strong>de</strong> vida do sujeito<br />

enunciador <strong>de</strong> um discurso. Como afirma Jörn Rüsen: “Enquanto disciplina acadêmica, a história se fundamenta<br />

na práxis da vida; e <strong>em</strong> última instância, seus impulsos, seus <strong>de</strong>safios, suas perguntas orientadoras não brotam<br />

apenas <strong>de</strong>la, mas <strong>de</strong> seu nexo com a vida no presente. Sua intenção propriamente dita, o direcionamento <strong>de</strong> sua<br />

força cognitiva é <strong>de</strong>terminado pela experiência presente da transformação no t<strong>em</strong>po, que os historiadores<br />

compartilham com seus cont<strong>em</strong>porâneos”. Apud ANTONI, Edson. Os novos movimentos sociais latinoamericanos:<br />

o Exército Zapatista <strong>de</strong> Libertação Nacional e o Movimento dos Trabalhadores Rurais S<strong>em</strong> Terra.<br />

2002. 135f. Dissertação (Mestrado <strong>em</strong> História) - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Porto Alegre,<br />

2002. p. 87-89.<br />

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