18.04.2013 Views

programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

154<br />

Se o prestigio nasce da atribuição <strong>de</strong> um exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> força que correspon<strong>de</strong> a um<br />

conhecimento que, à partida e <strong>em</strong> particular, se torna rapidamente num dom que<br />

ultrapassa a esfera inicial, po<strong>de</strong>-se dizer que o exce<strong>de</strong>nte atribuído ao hom<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

prestígio é s<strong>em</strong>pre acompanhado <strong>de</strong> uma redução <strong>de</strong> uma quantida<strong>de</strong> igual <strong>de</strong> força<br />

naqueles que se <strong>de</strong>claram menos competentes. O hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> prestígio funda o seu<br />

po<strong>de</strong>r conferindo-lhe fins sociais, garantindo funções extraordinárias e gerais à sua<br />

própria potência. Nesse sentido, o hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> prestígio socializa forças e introduz<br />

mecanismos <strong>de</strong> dominação: a atribuição <strong>de</strong> prestígio é s<strong>em</strong>pre acompanhada <strong>de</strong> ritos,<br />

interditos, obrigações, <strong>de</strong> todo um conjunto <strong>de</strong> representações e <strong>de</strong> crenças que<br />

implicam a submissão á força que se t<strong>em</strong>e. Por isso, a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao hom<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

prestígio é um primeiro gesto para instaurar o po<strong>de</strong>r 368 .<br />

Para a aceitação e o entendimento do discurso por aquele ao qual se <strong>de</strong>stina, é<br />

necessário o prestígio adquirido daquele que o propõe e, também, que a proposição seja<br />

plausível <strong>de</strong> ser percebida e <strong>de</strong>cifrada pelos agentes receptores. Assim, ainda analisando o<br />

discurso do jornal Noticioso, citado anteriormente, apropriamo-nos da contribuição <strong>de</strong><br />

Bourdieu, que <strong>de</strong>staca a dimensão política das lutas <strong>de</strong> representação, cuja eficiência<br />

especifica não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhada reduzindo-a a uma manifestação das realida<strong>de</strong>s sociais e<br />

econômicas. Portanto, a relação <strong>de</strong> força pela conservação ou transformação da visão <strong>de</strong><br />

mundo social e dos princípios <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação e hierarquização da socieda<strong>de</strong> é conseqüência <strong>de</strong><br />

uma ação política objetivada. Para Bourdieu,<br />

o conhecimento do mundo social e, mais especificamente, as categorias que o<br />

tornam possível, são o que está, por excelência, <strong>em</strong> jogo na luta política, luta ao<br />

mesmo t<strong>em</strong>po teórica e prática pelo po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> conservar ou <strong>de</strong> transformar o mundo<br />

social conservando ou transformando as categorias <strong>de</strong> percepção <strong>de</strong>sse mundo 369 .<br />

As representações políticas são aquelas que têm por objetivo a construção <strong>de</strong> um ponto<br />

<strong>de</strong> vista e <strong>de</strong> uma classificação do mundo social, constituindo, <strong>de</strong>ssa maneira, o capital<br />

simbólico direcionado para a luta pelo po<strong>de</strong>r, porém no jogo político 370 .<br />

Ainda <strong>de</strong> acordo com as notícias publicadas no jornal Noticioso, a elite política<br />

consolidada investia recursos que não possuía; peregrinava por toda parte, apostando e<br />

convencendo, trabalhando s<strong>em</strong> <strong>de</strong>scanso; lutava, matava e morria pelas idéias persuasivas que<br />

apontavam para um i<strong>de</strong>al superior, <strong>em</strong> nome do b<strong>em</strong> da pátria, quando, na verda<strong>de</strong>, essa elite<br />

<strong>de</strong>fendia, mesmo, o b<strong>em</strong>-estar <strong>de</strong> um pequeno grupo, seleto, que não se afastava do po<strong>de</strong>r,<br />

368<br />

GIL, José. Força do Signo/ no signo. In: Enciclopédia Einaudi. Porto: Imprensa Nacional-Casa da Moeda,<br />

1986. v. 14. p. 63.<br />

369<br />

BOURDIEU, Pierre. O po<strong>de</strong>r simbólico. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. p.142.<br />

370 Idid. p. 142-144.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!