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programa de pós-graduação em desenvolvimento regional - Unisc

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arena política 166 .<br />

Mannheim 167 , ao se referir ao conceito <strong>de</strong> “i<strong>de</strong>ologia”, diz que reflete uma das <strong>de</strong>scobertas<br />

que resulta do conflito político, ou seja, a <strong>de</strong> que os grupos dominantes po<strong>de</strong>m tornar-se tão<br />

intensamente unidos por interesse a uma <strong>de</strong>terminada situação que simplesmente não são mais<br />

capazes <strong>de</strong> observar certos fatos que iriam abalar seu senso <strong>de</strong> dominação. Está subentendida<br />

na palavra “i<strong>de</strong>ologia” a idéia <strong>de</strong> que, <strong>em</strong> algumas situações, o inconsciente coletivo <strong>de</strong> certos<br />

grupos encobre a condição real da socieda<strong>de</strong>.<br />

Em se tratando <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia política, para Mannheim:<br />

Na discussão política nas <strong>de</strong>mocracias mo<strong>de</strong>rnas, on<strong>de</strong> as idéias são mais claramente<br />

representativas <strong>de</strong> certos grupos, a <strong>de</strong>terminação social e existencial do pensamento<br />

tornou-se mais facilmente perceptível. Em princípio, foi a política que primeiro<br />

<strong>de</strong>scobriu o método sociológico no estudo dos fenômenos intelectuais. Foi<br />

basicamente nas lutas políticas que os homens pela primeira vez tomaram<br />

consciência das motivações coletivas inconscientes que s<strong>em</strong>pre guiaram a direção do<br />

pensamento. A discussão política é, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, mais do que argumentação<br />

teórica; ela é o <strong>de</strong>sfazer-se <strong>de</strong> disfarces – o <strong>de</strong>smascaramento dos motivos<br />

inconscientes que ligam a existência <strong>em</strong> grupo a suas aspirações culturais e a seus<br />

argumentos teóricos. Contudo, à medida que a política mo<strong>de</strong>rna <strong>em</strong>pregava <strong>em</strong> suas<br />

batalhas armas teóricas, o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>smascaramento penetrava as raízes sociais<br />

da teoria 168 .<br />

Instaladas no po<strong>de</strong>r, as elites dominantes estabelec<strong>em</strong> a sua i<strong>de</strong>ologia, A b<strong>em</strong> da<br />

verda<strong>de</strong>, não é a vonta<strong>de</strong> dos grupos sociais que <strong>de</strong>termina os rumos do Estado, tampouco o<br />

indivíduo que, isolado, sustenta os seus interesses, mas, antes, são as elites dirigentes que,<br />

possuindo e exercendo o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> comando sobre o Estado, órgãos e instituições, asseguram<br />

as prerrogativas e, conseqüent<strong>em</strong>ente, as vantagens que <strong>de</strong>sfrutam sobre <strong>de</strong>terminado grupo 169 .<br />

Com relação à questão da dominação, apresenta a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar<br />

obediência <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong>terminado para mandatos específicos (ou para toda sorte <strong>de</strong><br />

mandatos). Não consiste, portanto, <strong>em</strong> toda espécie <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercer po<strong>de</strong>r ou<br />

influência sobre outros homens. No caso concreto, a dominação, autorida<strong>de</strong>, no sentido<br />

166<br />

REIS, Elisa Pereira. Processos e escolhas: estudos <strong>de</strong> sociologia política. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Contra Capa, 1998,<br />

p. 79.<br />

167<br />

MANNHEIM, Karl. I<strong>de</strong>ologia e Utopia.Rio <strong>de</strong> Janeiro: Zahar, 1968, p. 66.<br />

168<br />

Ibid.<br />

169<br />

ALMEIDA, Agassiz. A república das elites: ensaio sobre a i<strong>de</strong>ologia das elites e do intelectualismo. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.<br />

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