19.04.2014 Views

Políticas Culturais para as Cidades

FBPoliticasCulturais_Cidades

FBPoliticasCulturais_Cidades

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

5.<br />

xix, cerca de 50 língu<strong>as</strong> african<strong>as</strong> circulavam por aqui. E isso<br />

sem falar na herança indígena e europeia.<br />

De fato, não se pode se<strong>para</strong>r a cultura da vida. As pesso<strong>as</strong><br />

desta cidade aglomeram-se em torno de um espaço urbano caótico,<br />

fruto de uma rima perversa entre ocupação desordenada,<br />

ausência de polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong>, índice alarmante de pobreza e<br />

desigualdade social comparável ao da Namíbia – o que dizer da<br />

cultura? Poderia estar imune a esse quadro?<br />

Obviamente que não. O tamanho do problema pode ser intuído<br />

a partir da constatação da ‘invisibilidade’ que atinge uma<br />

boa parte dos nossos territórios. Somos, em grande medida, uma<br />

cidade que se desconhece profundamente, em vários níveis. Esse<br />

desconhecimento daquilo que nos cerca, equivale a um julgamento<br />

de valor, uma atribuição de pouca relevância. Apesar de<br />

tudo isso, há uma riqueza cultural incrível, espalhada pelos quatro<br />

cantos da cidade.<br />

Então, ocupar esse espaço de gestor de uma fundação pequena<br />

– oriunda do antigo ‘departamento’ cultural da prefeitura –,<br />

acostumada a pensar a cultura como um determinado tipo de<br />

mérito, e de repente, não mais do que de repente, precisar estabelecer<br />

um diálogo com a inteireza da cidade, com seus qu<strong>as</strong>e três<br />

milhões de habitantes... Realmente, teve um peso esse desafio.<br />

M<strong>as</strong> acho que conseguimos responder a ele, admitindo-o logo<br />

de cara como prioridade política. Percebemos muito cedo que<br />

não fazia sentido escamotear o problema e cuidar apen<strong>as</strong> de<br />

uma parte dele – fazendo, por exemplo, um excelente programa<br />

de música erudita e esquecendo o resto. Seria enganador. Era<br />

absolutamente necessário deixar que a inteireza do problema<br />

aparecesse, mesmo que o contr<strong>as</strong>te com nossa capacidade instalada<br />

fosse gritante, cuidando <strong>para</strong> que <strong>as</strong> respost<strong>as</strong> possíveis<br />

também traduzissem essa problematização.<br />

Trabalhamos desde o início com um modelo de avenid<strong>as</strong> a<br />

salvador e o desafio da gestão cultural 99

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!