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ver, tem que ter empatia, tem que chegar lá e ser aquele sujeito,<br />
<strong>para</strong> poder fazer algo que realmente reflita o que é aquele sujeito,<br />
aquela comunidade.<br />
Outra coisa que eu não vou sair daqui sem falar. Em relação<br />
a patrimônio, tem tanta coisa, m<strong>as</strong> esse tempo é muito pouco.<br />
Podem me chamar <strong>para</strong> falar dess<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> me deem tempo,<br />
porque esse tempo é pouco, m<strong>as</strong> eu quero pinçar algum<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>.<br />
Todo mundo falou em Bahia, em baiana, baiana do acarajé, que<br />
na realidade acarajé não é acarajé, é acará o nome da comida é<br />
acará, jé é o verbo comer na língua yorubá. Eu fico pensando no<br />
acarajé como patrimônio, m<strong>as</strong> hoje a gente tem “acaráburguer”.<br />
É o que eu digo, é acaráburguer, porque, com aquele negócio<br />
daquele molho a vinagrete, isso não tem nada a ver com a tradição<br />
do acará. Muit<strong>as</strong> vezes come-se e se sente mal. M<strong>as</strong> não<br />
foi a m<strong>as</strong>sa não, foi o tal molho que fermentou, principalmente<br />
quando é tempo quente. Não comam! É um conselho que eu dou<br />
a vocês, não me botem aquele molho a vinagrete, aquilo é uma<br />
bomba no corpo de vocês...<br />
É! É a pior maneira de se comer o acarajé. Outra coisa também<br />
que eu chamo a atenção é que, eu sei que a gente está na era da<br />
modernidade, da industrialização, não é? Tem que se produzir<br />
mais e tudo tem que ser mais rápido, <strong>para</strong> gerar mais dinheiro.<br />
M<strong>as</strong> tem que se ver <strong>as</strong> form<strong>as</strong>, os jeitos tradicionais, artesanais.<br />
O que é que se pode levar de modernidade <strong>para</strong> incrementar aquilo,<br />
<strong>para</strong> melhorar, m<strong>as</strong> sem tirar a marca? Tem que ter polític<strong>as</strong><br />
neste sentido. Hoje eu acho que é uma questão mesmo de saúde;<br />
ainda, mais uma vez, o acarajé! Gente, antigamente se usava,<br />
e uns poucos ainda usam, quando se encontra aqui ou ali, o verdadeiro<br />
camarão defumado. Hoje em dia, você vai à feira de São<br />
Joaquim, você encontra sacos e mais sacos de camarão com uma<br />
tinta que eu não sei qual é... verdade! Pra dar cor ao camarão, não<br />
dá gosto na comida e ainda não sei o que é que vai causar à nossa<br />
saúde... tenham muito cuidado! Isso é uma questão cultural, sim!<br />
o patrimônio de uma cidade 79