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Políticas Culturais para as Cidades

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É essa capacidade do mundo contemporâneo de produzir <strong>as</strong><br />

cidades como espaços de barbárie que exige a discussão crítica<br />

do conceito e d<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> de política cultural e ambiental e<br />

sobre a centralidade da violência como contingência social de<br />

territórios cruéis.<br />

Contra uma ação manipuladora, seja a serviço de empres<strong>as</strong>,<br />

partidos ou carreir<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> individuais, m<strong>as</strong> pelo contrário, a<br />

favor de uma política comprometida com viabilizar, sem controle<br />

autoritário, oportunidades de expressão cultural e social, vale<br />

tomar o c<strong>as</strong>o da própria Salvador, <strong>para</strong> apontar a prática aberta<br />

do dirigismo estatal, na estridente valorização do que se informa<br />

como o melhor <strong>para</strong> “vender a Bahia”.<br />

Turistização e Atropelo<br />

Sob a justificativa de criação de oportunidades de trabalho e<br />

renda, o discurso oficial e os incentivos ao turismo através da valorização<br />

da “cultura” e da “paisagem” levaram à turistização de<br />

tudo, d<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> religios<strong>as</strong> à manipulação do ambiente natural.<br />

A mística comercial da praia trouxe a consagração exclusiva do<br />

coqueiro como única espécie vegetal a marcar o litoral atlântico<br />

e à produção de “dun<strong>as</strong>” de argila, ou talvez mesmo de entulho,<br />

em lugares onde el<strong>as</strong> nunca teriam existido, embora el<strong>as</strong> existam,<br />

sim, e de areia, feit<strong>as</strong> pelo vento, a quatro, cinco quilômetros da<br />

beira-mar, a contemplar, de longe, os cordões arenosos, filhos<br />

do movimento d<strong>as</strong> marés.<br />

São esses cordões, hoje em grande parte destruídos, que o<br />

poder chama de dun<strong>as</strong> e violenta com a fabricação ou ampliação<br />

artificial com elevações sem vida, feit<strong>as</strong> com a terra removida<br />

d<strong>as</strong> encost<strong>as</strong> recortad<strong>as</strong> da topografia natural do sítio urbano,<br />

e como aterro de entulhos. Será isso o fruto de alguma falta de<br />

informação em história e botânica, ou puro atropelo autoritário<br />

do direito da Cidade a sua verdade histórica e geográfica?<br />

42 maria de azevedo brandão

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