Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Afirmar e gozar d<strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong> como direito de afirmá-l<strong>as</strong>,<br />
recusando o preconceito e a exclusão, tornou-se a “tolerância”<br />
contemporânea no discurso pós-moderno, como uma expressão<br />
da superação do político pela cultura, fenômeno <strong>para</strong>lelo ou<br />
decorrente do neoliberalismo que <strong>as</strong>solou o mundo, a partir da<br />
década de oitenta do século vinte, e que abriu <strong>as</strong> port<strong>as</strong> do século<br />
xxi, anunciando um novo tempo que encontrou seu maior eco<br />
no Fórum Social Mundial, a anunciar que “um outro mundo é<br />
possível”. O altermundismo <strong>as</strong>sumiu a dimensão de ser o outro<br />
lado do encontro dos ricos, em Davos, em janeiro de cada ano,<br />
analisando a conjuntura econômica e política mundial e a partir<br />
daí traçando <strong>as</strong> estratégi<strong>as</strong> do capitalismo internacional, o centro<br />
do poder real que conduz os destinos do planeta.<br />
Mobilizados aos milhares, políticos, jovens e intelectuais<br />
de todos os matizes p<strong>as</strong>saram a se reunir em Porto Alegre, inicialmente<br />
<strong>para</strong> contr<strong>as</strong>tar, com o fórum dos países ricos, apresentando<br />
alternativ<strong>as</strong> ao capitalismo ou, mesmo, à forma que<br />
atualmente o capitalismo <strong>as</strong>sumiu diante da crise do Estado e<br />
frente ao fenômeno da globalização, que gerou efeitos <strong>para</strong>doxais<br />
a desafiarem <strong>as</strong> polític<strong>as</strong> intern<strong>as</strong> de cada Estado-nação, desequilibrando<br />
forç<strong>as</strong> sociais e com isso gerando crises múltipl<strong>as</strong><br />
no campo d<strong>as</strong> relações sociais intern<strong>as</strong> em cada nação.<br />
A concepção do estado-mínimo, ou não-estado, é controversa<br />
e ao mesmo tempo <strong>para</strong>doxal. À medida que a ideia de Estado<br />
evoluiu da supergarantia da propriedade <strong>para</strong> a administração<br />
coletiva, ou seja, do bem comum, ainda que isso seja apen<strong>as</strong> uma<br />
ilusão, <strong>para</strong> a maioria da população, pois n<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> do dia a dia<br />
se vê o Estado como meio de acumulação de grupos empresariais<br />
e lócus de um poder burocrático que devora tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> ideologi<strong>as</strong><br />
e escraviza, pelo encantamento do poder ritualizado, todos os<br />
que chegam a ocupar cargos, onde a cultura? E <strong>as</strong> cidades?<br />
Vamos pensar no indivíduo, este ser que sofre, <strong>para</strong> o bem<br />
ou <strong>para</strong> o mal, os efeitos dos acontecimentos históricos, do p<strong>as</strong>-<br />
cultura, cidade e democracia: o jogo da cultura no mundo contemporâneo 193