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Por essa razão, este texto focaliza três pontos: a relação entre<br />
cidade e meio socioambiental, a importância da relação entre tecido<br />
urbano e violência e a necessidade de uma atenção vigilante<br />
com relação às polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> de cultura e gestão territorial<br />
e ambiental.<br />
2<br />
Conceito criado por E.<br />
Durkheim, usado n<strong>as</strong><br />
Ciênci<strong>as</strong> Sociais,<br />
indicando o sistema de<br />
idei<strong>as</strong>, valores e regr<strong>as</strong><br />
que propiciam <strong>as</strong><br />
condições necessári<strong>as</strong> à<br />
vida em sociedade,<br />
desde pequen<strong>as</strong><br />
comunidades a grandes<br />
complexos sociais.<br />
Cidade e Cultura<br />
As cidades surgem, na História, como locais de encontro e abrigo,<br />
portanto frente avançada do contrato social 2 e território estratégico<br />
da linguagem e d<strong>as</strong> liturgi<strong>as</strong> da convivência. E, como em<br />
todo jogo sustentável, essa liturgia do contrato social exige tanto<br />
visões socialmente partilhad<strong>as</strong> do mundo e da vida, como uma<br />
estética da ação, da linguagem, do fazer e da troca d<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> feit<strong>as</strong><br />
– infraestrutura, edificações, objetos e desempenhos normalizados<br />
– artes plástic<strong>as</strong> e performátic<strong>as</strong>, literatura, ciência e técnic<strong>as</strong>.<br />
As cidades atuais, entretanto, vêm destruindo sistematicamente<br />
essa estética, ou seja, sua ética, condenando-a a ceder<br />
lugar à pura competição e à truculência. O urbano contemporâneo<br />
tornou-se um espaço selvagem, e o trágico é que hoje tudo<br />
é urbano. As redes de informação, de marketing comercial e<br />
político, de circulação e consumo de bens e serviços interferem<br />
sobre a vida de cada um e de todos nós, além dos limites físicos<br />
d<strong>as</strong> cidades, com a mesma potência e virulência com que operam<br />
nos espaços de produção e consumo especificamente urbanos.<br />
Vende-se tudo, ao custo da renúncia da convivência atenta, do<br />
diálogo e da lucidez.<br />
3<br />
sócrates. O refúgio<br />
dos homens. Carta<br />
Capital, S. Paulo, São<br />
Paulo: Ed. Confiança<br />
Ltda., nº 576, 16 dez.<br />
2009, p. 84.<br />
As <strong>Cidades</strong> como Espaços de Barbárie<br />
Em “O refúgio dos homens”, artigo publicado em Carta Capital, 3<br />
Sócrates – o atleta, hoje médico e ensaísta, <strong>as</strong>sinala nossa necessidade<br />
de paz, silêncio, bem-estar e proteção <strong>para</strong> “reposição<br />
40 maria de azevedo brandão