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o que torna um pouco mais complexa a ação do Estado, seja no<br />
âmbito Federal, Estadual ou Municipal.<br />
Que política você vai adotar com relação ao patrimônio, porque<br />
a sociedade está mais fragmentada e, com a velocidade d<strong>as</strong><br />
transformações, nós podemos observar algum<strong>as</strong> tendênci<strong>as</strong>.<br />
Uma tendência modernizadora, uma versão modernizada daquele<br />
urbanismo demolidor que, aqui, está tomando form<strong>as</strong><br />
de guerrilha “derruba aqui, derruba ali”. Há grupos sociais que<br />
querem uma modernização, que reagem a “essa cidade velha,<br />
cheia de coisa velha, cheia de rua estreita”, como se almej<strong>as</strong>se<br />
um padrão Miami beach. Então, esse é um padrão de urbanização<br />
que nós temos em todo o vetor de expansão norte da cidade,<br />
enquanto o Centro Antigo, <strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> da Bahia colonial, da<br />
gentileza do baiano e tudo mais vão se tornando um mito <strong>para</strong><br />
toda uma juventude, <strong>para</strong> toda uma parcela da população que<br />
está morando na faixa de expansão, sob outra ótica urbana; que<br />
está achando ótimo morar naquele empreendimento em que<br />
você faz tudo no mesmo lugar. Então, o urbano aí, o parâmetro<br />
de referência cultural fica um pouco mais complicado, como temos<br />
observado em algum<strong>as</strong> cidades, e Salvador não escapa disso.<br />
O urbanismo do século xix não vai se repetir, a não ser com<br />
outra forma de apropriação. Encaminharam-me pela Internet<br />
um artigo de um português chamado Antônio Conceição Júnior<br />
sobre cidade criativa. Ele coloca um tema que discutimos com<br />
o iphan, recentemente, que é a noção de patrimônio, hoje, indissoluvelmente<br />
ligada à discussão sobre a expansão urbana.<br />
Por quê? Como o patrimônio resgata elementos de memória,<br />
de identidade, muit<strong>as</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> que moram n<strong>as</strong> cidades percebem<br />
que su<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> estão desaparecendo, e começam a<br />
se movimentar. Assim, enquanto nós temos o movimento dos<br />
novos demolidores, nós também temos, talvez na mesma intensidade,<br />
o movimento daqueles que não querem mexer em nada.<br />
As cois<strong>as</strong> estão mudando tão rapidamente que é preciso que você<br />
a experiência do ipac na preservação do patrimônio cultural na bahia 63